Protocolo

Por Cleber Lima

 

Segundo KOUDELA (1992), o protocolo era um dos instrumentos de trabalho de Brecht que o utilizava como uma forma de registro de ações e como um procedimento contínuo através do qual o processo era avaliado frequentemente. Para a autora, o protocolo contribui significativamente “para uma prática educativa menos severa, sem deixar de ser eficiente.” Nesse sentido, não podemos deixar de considerar a dimensão pedagógica do procedimento, que extrapola a simples função de registro, contribuindo para a sistematização e ampliação de conhecimento, sem, contudo, impor regras formais, possibilitando espaço para o lúdico e para o emprego de diferentes linguagens em sua elaboração, o que, nos leva a refletir sobre o protocolo enquanto uma prática pedagógica dinâmica e de grande potencial transdisciplinar.

 

Esse documento que não tem que obedecer à rigidez formal de uma ata ou de um relatório, é o ideal para que se tenha a noção de continuidade do processo, sem que seja necessário o emprego de tempo demasiado em sua elaboração. (Koudela, 1992:95)

 

            Sobre o desenvolvimento do protocolo, podemos identificar algumas etapas recorrentes, tais como a escolha dos encarregados de sua elaboração antes do início do ensaio, aula ou reunião, o que contribui para que seus realizadores fiquem atentos ao processo desenvolvido naquele dia e tomem notas sobre o que considerarem importante para que seja retomado depois, durante a fase da elaboração e organização formal do protocolo. Uma instrução básica e essencial para o desenvolvimento desse procedimento é de que o protocolo reflita o percurso processual e os conteúdos abordados no encontro, de forma descontraída, espontânea e até mesmo lúdica e aberta a qualquer linguagem, tais como plástica, cênica, musical, corporal ou literária. Outro aspecto a ser ressaltado é que toda a equipe deve responsabilizar-se pelo protocolo, pela sua realização, manutenção e efetiva aplicação enquanto procedimento de sistematização e retroalimentação do processo de trabalho do grupo. O protocolo elaborado é apresentado então, no início do próximo encontro, seguido de uma sessão de avaliação onde se coloca em discussão possíveis esclarecimentos, pontos polêmicos ou dúvidas revisitados do encontro anterior.

 

            Assim, podemos concluir que, quando proposto de forma consciente e adequada a cada contexto, o protocolo se coloca como ferramenta pedagógica fundamental para o desenvolvimento da habilidade de síntese e consequentemente de reflexão, ampliação e aprofundamento sobre temas e conteúdos diversos, além é claro, de contribuir também com a continuidade dos processos que, na maioria das vezes, são permeados por lacunas temporais que, de outro modo, dificultariam a evolução e a consolidação dos processos de formação e/ou criação.

 

Referência Bibliográfica:

KOUDELA, Ingrid Dormien. Um voo brechtiano: teoria e prática da peça didática. São Paulo: Perspectiva: FAPESP, 1992.