A Lira dos Vintes Anos (Paulo César Coutinho)

Conforme orientação dada no encontro do dia 22/04/12 (Experimento I) e 05/05/12 (Esperimento II), segue a relação de alunos e as respectivas cenas que deverão ser divididas em Unidades de Cena, lembrando que todas as unidades deverão ser nomeadas com palavras, expressões ou frases que sintetizem o tema tratado em cada unidade. (Ver item 1.1. do Modelo de Análise de Texto Dramático). Ao finalizar a atividade proposta, postar a(s) cena(s) com a divisão e os nomes das unidades no fórum ao final da página. Não esqueçam também de postar a sinopse do texto no mesmo fórum. Segue modelo de uma possível divisão de unidades de cena:

 

 

Cena 1 7

“Morfina”

 

Unidade 1 – “A MORTE DE DIOGO” [Praça. Lucas e Regina no banco se olham e se acariciam.

 

Regina – Eu escapei do cerco com sua mãe, eles nem nos pararam. Depois eu soube da morte dele. Foi como se tivessem me arrancado as entranhas, achei que ia enlouquecer. Clara me consolou muito tempo, sem dizer nada.]  Unidade 2 – “MORFINA” [Aí ela começou a sentir dores. O médico foi lá e aplicou uma injeção de morfina.

 

Lucas – Morfina...

 

Regina – Quando eu fui embora ela tava dormindo. (Pausa.)Unidade 3 – “CLANDESTINIDADE” [O que é que você vai fazer agora?

 

Lucas – O que é preciso. Vou cair na clandestinidade, morar com companheiros que nem conheço, assaltar bancos...

 

Regina – Meu querido, como é que você vai resistir, sem a Clara, sem o Diogo?

 

Lucas – Tá tudo escuro por dentro, por fora... Eu tô me sentindo sozinho, muito sozinho...(Os dois se abraçam)] Unidade 4 – “A FUGA” [Você precisa ir embora logo. Bruno foi preso, a gente nunca sabe quanto sofrimento uma pessoa aguenta pra não falar. Você viaja hoje à noite para a Europa. Os companheiros estão te esperando com documentos prontos.]

 

Unidade 5 – “SONHO LUMINOSO” [Regina – Lucas, vem comigo...

 

Lucas – Não! Quero ficar!

 

                Regina – Você acha que valeu a pena? Transformar o mundo era um sonho tão luminoso, e veio tanta dor, tanta morte, tanta tristeza.Você acha que nós vamos conseguir?

 

Lucas – A gente tem que conseguir, eles não morreram em vão. A gente tá só começando. Um dia, um dia nós vamos vencer.]

 

Unidade 6 – “PROMESSA DE VIDA” [Regina – Lucas eu vou embora porque estou grávida. Eu quero ter esse bebê, você entende? Ele é a promessa que o Marcos fez pra mim.

 

Lucas – Ele vai nascer. Tem que nascer. Você tem que viver.(Beijam-se longamente na boca. Depois abraçam-se chorando baixinho.] Unidade 7 – “DESPEDIDA” [Lucas a empurra devagar)

 

Lucas – Vai, vai, vai...(Regina sai)]

 

Link para o texto completo: A Lira Dos Vinte Anos2.doc (156 kB)

 

 

RELAÇÃO DE ALUNOS E CENAS PARA DIVISÃO DAS UNIDADES:

 

ATO I

 

Cena 1 - "O Mar e a liberade"

ADRIELLE (Experimento I)

ANDREZZA (Experimento II)

 

Cena 2 - "Tou contigo e não abro"

ANDREW (Experimento I)

CAMILA (Experimento II)

 

Cena 3 - "Estou doida pra dar"

BELGA (Experimento I)

DAIANE (Experimento II)

 

Cena 4 - "Prece"

BRUNO (Experimento I)

ELDER (Experimento II)

 

Cena 5 - "Duelo de gigantes"

CAROL (Experimento I)

ELIANE (Experimento II)

 

Cena 6 - "A um passo da eternidade"

EDMAR (Experimento I)

GABRIEL (Experimento II)

 

Cena 7 - "A união faz a força"

Cena 8 - "Nós também somos o Brasil"

Cena 9 - "Sem você, meu amor, eu não sou ninguém!"

ELAINE (Experimento I)

 

Cena 10 - "Uma eletrizante aventura na praça pública"

GABRIELA (Experimento I)

 

Cena 11 - "Um por todos e todos por um"

Cena 12 - "Somos ou não somos todos seres humanos?"

GILKA (Experimento I)

 

Cena 13 - "Linha de frente"

ITA (Experimento I)

 

ATO II

 

Cena 1 - "Nós podemos mudar o mundo"

JOCASTA (Experimento I)

GUSTAVO (Experimento II)

 

Cena 2 - "Que merda!!!"

JONATHAN (Experimento I)

LEANDRO (Experimento II)

 

Cena 3 - "Numa primavera qualquer"

JOSIELE (Experimento I)

MAGNO (Experimento II)

 

Cena 4 - "Vamos ser felizes juntos"

KELLY (Experimento I)

ODAIR (Experimento II)

 

Cena 5 - "Esperança"

LUCAS GUSTAVO (Experimento I)

RAPHAEL (Experimento II)

 

Cena 6 - "Dois oprimidos esfomeados se encontram"

LUCAS APARECIDO (Experimento I)

SABINE (Experimento II)

 

Cena 7 - "E começa a derrota"

Cena 8 - "Cada um na sua"

MADÊ (Experimento I)

 

Cena 9 - "Treinamento"

MARIA (Experimento I)

 

Cena 10 - "Ação"

NATAN (Experimento I)

 

Cena 11 - "Vexame"

NELSON (Experimento I)

 

Cena 12 - "O racha"

PAULO (Experimento I)

 

Cena 13 - "Plenitude"

RAFAEL (Experimento I)

 

Cena 14 - "Momento eterno"

SUELLEN (Experimento I)

 

Cena 15 - "Mãe"

TATIANA (Experimento I)

 

Cena 16 - "Solidão"

Cena 17 - "Morfina"

THIAGO (Experimento I)

 

Cena 18 - "Os guerrilheiros eternos"

VIRIAN (Experimento I)

 

 

Postagem das Cenas com a divisão de Unidades

Numa primavera qualquer

Magno | 19/05/2012

Cena 3
“Numa primavera qualquer”

Unidade 1 – “CHEGADA A HORA” Clara ao piano. Lucas a abraça por trás. Ela segura suas mãos.

Lucas – Mãe, preciso conversar com você.

Clara(Virando-se para ele) – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Lucas – Não, eu tenho uma coisa importante para lhe falar. É muito difícil, mas quero que você me conheça.

Clara – Não se preocupe, se vai me fazer conhecer mais, eu quero saber.(Levanta-se do piano e senta-se com ele.)

Unidade 2 – “DETERMINAÇÃO”

Lucas – Hoje fui eu quem criou coragem

Clara(Sorrindo) – Que bom, finalmente vou descobrir seus mistérios.

UNIDADE 3 – “ABRINDO CAMINHOS”

Lucas – Eu acho o amor a melhor coisa que existe na vida...

Clara – Estou gostando do começo.

Lucas – Para mim o amor não tem limites, acontece entre duas pessoas.

Clara – Existem muitas formas de amor, amor de mãe, amor de amigos...

Lucas – E o amor de amantes. É disso que eu quero falar.

Clara – Então é uma boa notícia?

Lucas – Depende do que você entenda por isso.

UNIDADE 4 – “SONHOS”

Clara – Alguém pra cuidar de você, me dar netos...

Lucas – Não é nada disso.(Pausa.) Pra mim uma relação é mais do que um casamento.

Clara – Já sei, o casamento é uma instituição burguesa. Mas isso não tem importância, o próprio amor é o sacramento.

Lucas – É, o que liga duas pessoas é algo sagrado, acima de qualquer diferença, de raça, credo, cor, sexo...

Clara – Sim, mas os sexos diferentes se completam.

UNIDADE 5 – “DESAVENÇAS”

Lucas – Não! Os seres humanos se integram, independente do sexo.

Clara – Acho que Deus criou os sexos diferentes para que caminhassem juntos.

Lucas – Eu não acredito em Deus. E se Deus existe, ele é o próprio amor...

Clara – Estou cansada, não estou entendendo o que você quer dizer...

Lucas – Você não está ajudando nada.

UNIDADE 6 – “DESCONVERSANDO”

Clara(Levantando-se) – Estou com vontade de tomar um chá. Talvez ajude, você quer?

Lucas – Não quero chá nenhum. Quero que você me ouça.

Clara – Estou ouvindo.

UNIDADE 7 – “A CONFISSÃO”

Lucas – Estou amando um homem.(Clara senta-se. Silêncio.)

UNIDADE 8 – “FUGINDO DA VERDADE”

Clara – Você está confuso... Isso acontece muito nessa idade... Você está passando por uma crise, isso passa... São coisas da juventude...

Lucas – Não tô confuso, nem tenho nenhuma crise de adolescência. Tô amando uma pessoa e isso é muito bom.

UNIDADE 9 – “DEBATE”

Clara – Mas isso é uma doença, meu filho, nunca houve disso na nossa família.

Lucas – Doença? Como você pode chamar de doença algo que me torna mais feliz, mais vivo, mais combativo?

Clara – Uma relação condenada à neurose, à esterilidade...

Lucas – Neurótica é essa sociedade, estéril é viver vazio, mentindo, sem amor.

Clara – E os filhos? E os filhos, Lucas?

Lucas – Acontecem ou não na vida de uma pessoa. São uma maravilha quando surgem dentro de uma relação, mas não podem ser a razão da existência de ninguém.

Clara – Eu queria que você encontrasse alguém, fosse feliz...

Lucas – Mas eu encontrei alguém... Sou feliz...

Clara – Isso não vai te trazer felicidade!

UNIDADE 10 – “INDAGAÇÃO”

Lucas – Será que é você quem vai me dizer o que é minha felicidade? Você não vê que isso é uma forma de ditadura?

Clara – Mesmo seus companheiros são contra isso. Estão todos com as suas mulheres, têm suas casas, seus filhos...

Lucas – Os meus companheiros são contra porque não entenderam ainda que a revolução deve se estender a todos os campos. Mas eu quero viver revolucionariamente em todos os sentidos.

Clara – Nem eles vão te aceitar, nem os que lutam pelo mesmo ideal.

UNIDADE 11- “CONFROTO DE EGO”

Lucas – E por que me aceitariam se você é incapaz de me aceitar?(Levanta.) E era você quem dizia “seja feliz! Faça o que quiser”. Eu tive uma esperança louca que você me compreendesse, mas a gente tem que aprender a viver o que sente apesar do mundo, apesar dos outros, apesar de todos. A vida é curta, a gente não sabe se amanhã tá vivo, e no entanto, um não consegue entender o outro. A gente se ama, mas nessa hora os preconceitos, as fórmulas prontas, falam mais alto que os sentimentos... Você me contou há algum tempo como viveu só, distante de seu pai, de seu marido. Mas não pode ser diferente com a gente, não é?(Silêncio. Lucas baixa a cabeça. Clara estende a mão e o toca.)

Clara – Desculpe, Lucas. Tudo isso é muito estranho pra mim, é o contrário do que sempre acreditei, do que eu sonhava pra você.(Pausa.) Acho que o egoísmo não termina com a propriedade, começa aí. A gente fica se achando dono da vida, das idéias dos outros.(Pausa.) Você tem razão. A sua felicidade não tem que ser como eu imagino. A liberdade implica sempre o risco do novo, do diferente. Isso assusta, principalmente quando se viveu preso.

Lucas – Ultimamente tem uma poesia que não me sai da cabeça. “Quando eu morrer, e é tão triste a gente ir, alguém escreva para mim numa primavera qualquer a palavra “liberdade”, junto ao meu desespero de acabar”.

UNIDADE 12 – “CALMARIA”

Clara – “Numa primavera qualquer...”(Pausa.) Você pretende viver com seu amigo?

Lucas – Não sei, a gente tá junto, partilhando tudo, mas nós temos uma revolução pra fazer, não se sabe o que vai acontecer. Minha vida se transformou muito por causa dele.

Clara – Eu percebi que você mudou.

Lucas – Você sabia por quê?

Clara – Tinha medo de ter certeza.

Lucas – E agora?

UNIDADE 13 – “ACEITAÇÃO”

Clara – Agora vou olhar essa certeza de frente. Talvez assim perca o medo, só preciso de um pouco de tempo. Você fez bem em ter me falado, conosco vai ser diferente, do meu pai, desde sempre... Mais do que tudo, quero estar junto de você.

Lucas – Nós já estamos mais juntos.

Clara – Diz ao Diogo para vir mais aqui.

Lucas – Como você sabe que é ele?

Clara – Acho que a gente sempre sabe tudo. Pelo seu sorriso quando ele aparece?!

Numa primavera qualquer

Eliane Pastorello | 26/02/2015

Me remete ao nosso conflito.A descoberta da sexualidade dele, o meu amor absoluto, cheio de vontade de aceitar,o coração sangrando. Depois, todos os equívocos que se formaram contra mim. Que surpresa que existe uma memória dele. Meu amor. Só não querida que a mentira interesseira de alguns denegrisse a história real, que ele mais prezava, e manipulasse ainda mais, com o resultado programado, a verdadeira história de um amor.

Numa primavera qualquer

Eliane Pastorello | 26/02/2015

Me remete ao nosso conflito.A descoberta da sexualidade dele, o meu amor absoluto, cheio de vontade de aceitar,o coração sangrando. Depois, todos os equívocos que se formaram contra mim. Que surpresa que existe uma memória dele. Meu amor. Só não querida que a mentira interesseira de alguns denegrisse a história real, que ele mais prezava, e manipulasse ainda mais, com o resultado programado, a verdadeira história de um amor.

Divisão do texto

Eliane Belmonte Lucenti | 19/05/2012

Cena 5
“Duelo de gigantes”

UNIDADE I - Sala de aula
Placa: “Instituto de Filosofia e ciências Sociais” – Sala de aula.

Regina – Ei, que legal ver vocês aqui. Eu não disse que a gente ia passar... Da droga daquele curso pra essa merda de Faculdade.


UNIDADE II - NOVIDADE
Regina - Nós temos uma novidade.(Marcos e Regina se olham sorrindo e mostram alianças.) Casaram a gente .

Ninon – E nem me avisaram.? É sempre assim, ninguém me chama pra nada.

Regina – Não teve festa, não, Ninon, foi à força. Minha família deu queixa na polícia, fomos parar na delegacia. Mas só nos puderam obrigar a assinar um papel, depois nos deixaram em paz.

Ninon – Parabéns, querida.(Beijam-se.) Ai, estou me sentindo uma velha, minhas amigas casando...

Lucas – Como é? Tá dando pra levar de grana?

Marcos – Eu estou num jornal e Regina está trabalhando à noite de telefonista internacional. É chato que desencontra.

Regina – Morro de sono, mas tô garantindo o rango.


UNIDADE III - EXAME
Diogo – Vocês viram o exame? Eu queria ver se esses putos passavam nas provas que eles mesmos fazem...

Ninon – Ah, eu fiquei neurótica¬ compulsiva com aquela decoreba toda.

Lucas – O pior é que só passa quem tem tempo e dinheiro, pra decifrar esses quebra-cabeças de nomes e datas.

Regina – E isso eles chamam de História, faraós do Antigo Império, os Abássidas, a mãe de Gracos, e a mãe deles. Porra, isso não é processo histórico, é processo histérico.

UNIDADE IV - BOICOTE
Marcos – Mas eles não vão continuar elitizando a universidade. O boicote ao pagamento foi um sucesso, todo mundo se recusou a pagar.

Ninon – Aqui no Instituto foi fácil porque todo mundo é politizado. Vai explicar isso pra massa estudantil o que é privatização do ensino. Nossa realidade é diferente, nós somos Ia creme de Ia creme.

Regina – Pronto! Lá vem a frescura elitista.

Ninon – Queira ou não, nós somos a vanguarda...


UNIDADE V – O PROFESSOR
Diogo – Vocês sabem quem vai dar História Antiga?.. É o Cremildo. A fera fez um listão dedurando 50 professores. O pessoal diz que o hobby dele é empalar aluno vivo.

Ninon – Empalar? O que é isso?

Diogo – Um suplício antigo. O condenado era espetado pelo ânus numa estaca aguda, e fica em exposição até morrer.(Ninon fica lívida e leva a mão à testa como se fosse desmaiar)

Ninon – Que horror!

Marcos – E o Cremildo agora está puto, porque descobriu que o Lucas, que tirou a melhor nota na prova dele, faz movimento estudantil.

Ninon – Como é que você conseguiu?

Lucas – Simples, substituí a visão materialista-dialética pela linha diletante-idealista .

Ninon – Não entendi nada. Pessoal, lá vem o Cremildo.


UNIDADE VI – O CONFRONTO
Cremildo entra preparando ritualisticamente a cena. Arruma livros sobre a mesa, ajeita a gravata, os cabelos e examina a turma em silêncio.

Cremildo – Senhores alunos, iniciamos hoje o curso de História Antiga. Creio que todos já me conhecem. Há quem diga que o professor Cremildo faz parte da história desta instituição, é um engano. O professor Cremildo é esta instituição. Inúmeras vezes fui convidado pelo governo para ocupar cargos públicos que, honrado, recusei. Sou um homem de ciência, qual sacerdote do saber, não posso afastar-me deste templo do conhecimento. Não me distingo pela intransigente defesa da lei e da ordem, posto que isto é um dever, não um mérito. Foi dedicando-me aos estudos, que criei um nome de respeito. Exijo o máximo de meus alunos porque antes, exijo tudo de mim mesmo. Gostaria de saber, quem dos senhores conhece minhas especializações?(Silêncio.) Há! Saibam que sou egiptólogo, hititólogo e etrustólogo, assim sendo os que desejarem ser aprovados, terão que conhecer a fundo egípcios, hititas e etruscos. Algum dos senhores conhece minha obra, já traduzida em vários idiomas?(Silêncio.) Há! É impressionante o despreparo da juventude atual para a vida universitária. Sou autor de “Tumbas, Múmias e Faraós do Antigo Império”, livro adotado neste curso. Bom, agora que nos conhecemos melhor, iniciaremos nossa jornada às antigas civilizações. Lancemos nosso olhar aos grandiosos impérios do passado. O que resta deles? O pó sobre o qual pisamos. Se recuarmos mais, encontramos o mundo sem o Homem, o Universo sem o mundo e... e... o Nada. Eis o mistério: Qual a origem de tudo? Dúvida dilacerante - o que encontramos nós, ínfimos vermes, ao tentar decifrar a História? “Vox faucibus haesit”...(Pausa para efeito.) Como dizia Virgílio, “a voz parou na minha garganta”...(Pausa.) Tal o espanto frente ao prodígio. Encontramos o espírito incriado, num imenso impulso vital, criando toda matéria bruta. São as idéias, senhores, que movem o mundo...

Lucas(Levanta a mão) – Professor, eu queria discordar.

Cremildo(Dá um risinho) – Ah, queria discordar.(Sério.) É um direito que lhe assiste, tenha a bondade.

Lucas – A ciência se faz pela observação da realidade concreta, e no mundo dos fenômenos não existe nenhuma evidência com provável de espíritos abstratos, gerando ou não a matéria. O que a História nos mostra é que as idéias surgem a partir das condições materiais da vida humana.

Cremildo – Ah! Temos aqui um porta¬ voz do materialismo ateu. Infelizmente são sempre muito desinformados de tudo que não diga respeito ao seu dogma. Por acaso o senhor já leu Santo Tomás de Aquino?

Lucas – Pra falar a verdade eu acho Santo Tomás de Aquino um chato. Prefiro mil vezes a angústia de Santo Agostinho ou a poesia de São João de Deus.(Comentários animados da turma. Cremildo bate na mesa.)

Cremildo – A fé é um dom que nem todos podem ter. Isso me deixa triste, que tempo estamos vivendo. Os jovens se voltam para o egoísmo, para a luxúria, e perdem-se no materialismo esquecido da beleza dos ideais.

Lucas – Professor, o materialismo não nos impede de ter ideais, nos ensina a lutar por eles. Afirma apenas que as idéias não caem do céu, surgem das necessidades do homem no tempo e no espaço.

Cremildo – Sei bem onde o senhor quer chegar com a sua impertinente interrupção. Começam negando valores do espírito, para depois atacarem a civilização ocidental e cristã. Vamos deixar bem claro, desde já, que não permito proselitismo político em sala de aula.

Regina – Professor, podemos ver as coisas por outro ângulo. O que o senhor chama de “valores do espírito” pode ser traduzido por “defesa da sociedade capitalista”?

Cremildo – Minha filha, eu sou um liberal.(Pausa.) Mas acredito que a democracia não pode ser um regime suicida. As minorias subversivas(Lança um olhar sobre os dois) são fanáticas. Ou a democracia acaba com elas, ou elas acabam com a democracia.

Regina – É usando a força contra a maioria que se garante a democracia?

UNIDADE VII - A AMEAÇA
Cremildo – Os senhores não me conhecem, os senhores não me provoquem. Para sua informação, nos idos de 64, quando o governo esquerdizante comandava a baderna, e o meio universitário achava-se infiltrado de lacaios da subversão, como os senhores, peguei em armas contra os inimigos da pátria. Liderei pessoalmente a tomada da “Rádio Ministério da Educação e Cultura”, então em mãos comunistas. Vencido o perigo vermelho, voltei ao meu posto de trabalho junto aos alunos. Mas continuo vigilante, e aviso aos agitadores profissionais que não vão divulgar impunes sua ideologia espúria. Não pensem que me fazem de bobo com as suas perguntas. Tudo isso é parte de um complô muito bem planejado. Agora mesmo ao entrar aqui encontrei este cartaz pregado na parede.(Lê o cartaz.) “A teoria é uma arma quando se apossa dos homens”.

Ninon – Ih! Ele arrancou o cartaz...

Cremildo(Para Ninon) – A senhora aí.

Ninon(Olhando para trás) – Eu?

Cremildo – Estou apontando para alguém mais?(Ninon olha para os outros, desconcertada.) A senhora é autora disso?

Ninon – Não, senhor. O autor é Marx, eu só copiei.(Risos da turma.)

Cremildo – Silêncio! A senhora sabe o que é comunismo?

Ninon – Sei!(Olha triunfante para os lados.)

Cremildo – O que é?

Ninon – É o orgasmo da humanidade.(Exclamações eufóricas da turma.)

Cremildo – Isso é o que eles prometem, minha filha, mas o que querem na verdade é botar todo o mundo igual, vestido de cinza e comendo banana.

Ninon – A banana também é uma arma.

Cremildo – A senhora tem cara de teleguiada, quero saber é quem está por trás disso, e já começo a descobrir. Se há professores subversivos, como esse tal de Manuel Maurício, saibam que estou aqui para impedir arruaças. Alguns dos que vieram para cá provocar a anarquia lograram boa colocação no vestibular. Mas de agora em diante serão avaliados com rigor especial.

Regina(Levanta a mão) – Professor, que critérios o senhor vai utilizar para aplicar maior rigor a uns alunos que a outros? Essa medida é arbitrária e inaceitável.

Cremildo – O critério vai ser o de limpar a faculdade de figuras como a senhora.

Regina – Ocorre que sua função é ensinar, não promover faxina ideológica, e não depende da sua vontade a minha permanência na faculdade.

Diogo – É isso mesmo. A gente também quer lhe avisar que suas ameaças não nos metem medo. O que for feito a um aluno aqui, será feito a todos.(Todos concordam.)

Marcos – Nós estamos cansados de ditadores. Vamos questionar, discutir, aprofundar. Nós somos a maioria, e o senhor terá que contrapor a sua visão à nossa com argumentos, não com imposições autoritárias.

Cremildo – Foi ótimo os senhores terem se revelado logo no primeiro dia de aula, assim não vão ter tempo para contaminar o resto da turma. Estão expulsos da sala de aula.(Grita.) Fora! Fora!(Vaia geral.)


UNIDADEVIII - A REIVENDICAÇÃO
Lucas(De pé) – O senhor foi que se revelou como policial que é. Já conseguiu expulsar muitos professores e alunos, mas agora terá de ver com toda a faculdade. A sua história é a das múmias, e esse tempo já passou. Vamos sair todos da sala, e o senhor pode ensinar para as cadeiras vazias. Vamos reivindicar sua substituição por alguém que estude conosco o passado, para atuar no presente e construir o futuro.(Palmas. Todos se levantam e saem. Ninon, a última, vira-se da porta.)

Ninon – Professor...
Cremildo(Sorrindo, à espera da adesão) – Pois não, minha filha.

Ninon – Nós estamos fazendo História.(Sai; Cremildo tem um ataque histérico gritando.)

Cremildo – Comunistas! Comunistas! Comunistas!


SINOPSE

Raphael da Silva Miranda | 19/05/2012

Revoluções, ilusões e sonhos,assim ocorre o desenvolvimento de um grupo de jovens que se conhecem e se descobrem, em um período reacionário e conservador

ato II - Cena 5 “Esperança”

Raphael da Silva Miranda | 19/05/2012

Cena 5
“Esperança”

Unidade 1 – [NOSTALGIA] Casa de Ninon, que ouve os Beatles puxando fumo. Entra Regina. Ela esconde rápido o choro, tossindo e abanando o ar

Ninon – Regina! Que bom você aparecer...

Regina – Que cheiro esquisito. O que é isso?

Unidade 2 [SEGREDO] Ninon – Jura que não conta pra ninguém?

Regina – Juro.

Unidade 3- [DROGAS] Ninon – Maconha.

Regina(Assustada) – Ninon, que loucura!

Ninon(Sorrindo) – É mesmo! Uma loucura...

Regina – E não faz mal?

Ninon – Que mal, isso é uma propaganda burguesa. Eles querem é vender tabaco que dá câncer. Esse aqui, do bom a beça, proíbem. Depois da revolução a gente tem que legalizar a maconha, pra vender nos bares, nas praias, nas carrocinhas de sorvete... Quer experimentar um pouquinho?

Regina – Agora não.

Unidade 4 [VIRGINDADE] Ninon – Você tá com uma cara! O que é que houve?

Regina – Nada.

Ninon – Hum, nada.(Pausa.) Imagine, a doce espera acabou.

Regina – Não!(Ri.) Quero ver a cara do seu analista.

Ninon – Larguei a análise.

Regina – Agora você não precisa mais. Tá feliz?

Ninon – Não, foi horrível.

Regina – Que pena, quem foi?

Ninon – Bruno!

Regina – Você é insistente, hein?

Unidade 5 [SEXO] Ninon – Foi uma bebedeira. Ficamos bebendo uísque, conversando e acabamos nos beijando. Ele tava bêbado, caiu por cima de mim, arrancou minha roupa, foi bruto, depressa, sem palavras. Mas não tinha importância se ele ficasse comigo. Passei a noite sem dormir. No dia seguinte ele acordou nu do meu lado, e vestiu de novo aquela máscara.Voltou ao banheiro dizendo que isso não deve interferir na nossa prática. Na hora de ir embora, nem me beijou e ainda me chamou de companheira.

Regina – Eu disse que isso tem que acontecer. Não se fabrica. Mas não fique assim, você vai ter outras experiências, um encontro verdadeiro.

Ninon – Já perdi as esperanças. Já passei não sei quanto tempo tomando pílulas, fazendo planos, sonhando com um príncipe revolucionário, e acabo sendo currada por um cossaco.

Regina – O que você não pode é começar a achar que todos os homens são uns bárbaros porque esse cara não foi capaz de te dar amor.

Unidade 6 [RELACIONAMENTO] Ninon – E você? Como vai com o Marcos?

Regina – Mal. Ele gosta de fazer coisas esquisitas na cama.

Ninon – Ah é? O quê, hein?

Regina – Gosta de apanhar...

Ninon – Ora, só isso? Que bobagem, lá no clube o pessoal contava cada história... Acho que você não devia complicar; as pessoas devem fazer o que gostam.(Pausa.) É tão difícil assim?

Unidade 7 [CARÊNCIA] Regina – Eu não consigo mais. Tô cansada. Não desisto dele, nem de nada, mas não agüento mais. Ele só é uma criança desesperada, cheia de culpas, e eu tenho medo que ele vá embora. Fecho os punhos, e o som que faz nas costas dele é como um pedido de socorro na selva. Fico dizendo “eu te amo, eu te amo” enquanto nego às minhas mãos o carinho que elas querem fazer.

Ninon – E é você quem fala para acreditar nas amplas possibilidades do relacionamento humano...

Regina – É exatamente porque sofro na carne a impossibilidade, que tenho certeza que existe uma outra forma, de que nós estamos mutilados, tentamos nos entender com palavras e gestos que não chegam ao outro, não tocam. O que nós vivemos não é humano, Ninon, por isso é que há sempre essa dor funda de soco no peito.

Ninon – Eu só queria que a gente ainda tivesse tempo pra amar...

Unidade 8 [ESPERANÇA] Regina – Nós temos vinte anos, temos a vida pela frente. Nós ainda vamos amar, tenho certeza.
(Regina e Ninon se olham em silêncio e caem nos braços uma da outra.)


“Numa primavera qualquer”

Josiele Perini | 16/05/2012

Cena 3
“Numa primavera qualquer”

Unidade1: Encontro Mãe e filho.

Clara ao piano. Lucas a abraça por trás. Ela segura suas mãos.

Unidade2: A Conversa.

Lucas – Mãe, preciso conversar com você.

Clara(Virando-se para ele) – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Lucas – Não, eu tenho uma coisa importante para lhe falar. É muito difícil, mas quero que você me conheça.

Clara – Não se preocupe, se vai me fazer conhecer mais, eu quero saber.(Levanta-se do piano e senta-se com ele.)

Unidade3: Lucas toma coragem.

Lucas – Hoje fui eu quem criou coragem

Clara(Sorrindo) – Que bom, finalmente vou descobrir seus mistérios.

Unidade4: O amor.

Lucas – Eu acho o amor a melhor coisa que existe na vida...

Clara – Estou gostando do começo.

Lucas – Para mim o amor não tem limites, acontece entre duas pessoas.

Clara – Existem muitas formas de amor, amor de mãe, amor de amigos...

Lucas – E o amor de amantes. É disso que eu quero falar.

Clara – Então é uma boa notícia?

Lucas – Depende do que você entenda por isso.

Clara – Alguém pra cuidar de você, me dar netos...

Lucas – Não é nada disso.(Pausa.) Pra mim uma relação é mais do que um casamento.

Clara – Já sei, o casamento é uma instituição burguesa. Mas isso não tem importância, o próprio amor é o sacramento.

Lucas – É, o que liga duas pessoas é algo sagrado, acima de qualquer diferença, de raça, credo, cor, sexo...

Clara – Sim, mas os sexos diferentes se completam.

Lucas – Não! Os seres humanos se integram, independente do sexo.

Clara – Acho que Deus criou os sexos diferentes para que caminhassem juntos.

Lucas – Eu não acredito em Deus. E se Deus existe, ele é o próprio amor...

Unidade5: Dúvida.

Clara – Estou cansada, não estou entendendo o que você quer dizer...

Unidade6: Tensão

Lucas – Você não está ajudando nada.

Clara(Levantando-se) – Estou com vontade de tomar um chá. Talvez ajude, você quer?

Lucas – Não quero chá nenhum. Quero que você me ouça.

Clara – Estou ouvindo.

Unidade7: A revelação.

Lucas – Estou amando um homem.(Clara senta-se. Silêncio.)

Unidade8: Clara não aceita.

Clara – Você está confuso... Isso acontece muito nessa idade... Você está passando por uma crise, isso passa... São coisas da juventude...

Lucas – Não tô confuso, nem tenho nenhuma crise de adolescência. Tô amando uma pessoa e isso é muito bom.

Clara – Mas isso é uma doença, meu filho, nunca houve disso na nossa família.

Lucas – Doença? Como você pode chamar de doença algo que me torna mais feliz, mais vivo, mais combativo?

Clara – Uma relação condenada à neurose, à esterilidade...

Lucas – Neurótica é essa sociedade, estéril é viver vazio, mentindo, sem amor.

Clara – E os filhos? E os filhos, Lucas?

Lucas – Acontecem ou não na vida de uma pessoa. São uma maravilha quando surgem dentro de uma relação, mas não podem ser a razão da existência de ninguém.

Clara – Eu queria que você encontrasse alguém, fosse feliz...

Lucas – Mas eu encontrei alguém... Sou feliz...

Clara – Isso não vai te trazer felicidade!

Lucas – Será que é você quem vai me dizer o que é minha felicidade? Você não vê que isso é uma forma de ditadura?

Clara – Mesmo seus companheiros são contra isso. Estão todos com as suas mulheres, têm suas casas, seus filhos...

Lucas – Os meus companheiros são contra porque não entenderam ainda que a revolução deve se estender a todos os campos. Mas eu quero viver revolucionariamente em todos os sentidos.

Clara – Nem eles vão te aceitar, nem os que lutam pelo mesmo ideal.

Lucas – E por que me aceitariam se você é incapaz de me aceitar?(Levanta.) E era você quem dizia “seja feliz! Faça o que quiser”. Eu tive uma esperança louca que você me compreendesse, mas a gente tem que aprender a viver o que sente apesar do mundo, apesar dos outros, apesar de todos. A vida é curta, a gente não sabe se amanhã tá vivo, e no entanto, um não consegue entender o outro. A gente se ama, mas nessa hora os preconceitos, as fórmulas prontas, falam mais alto que os sentimentos... Você me contou há algum tempo como viveu só, distante de seu pai, de seu marido. Mas não pode ser diferente com a gente, não é?(Silêncio. Lucas baixa a cabeça. Clara estende a mão e o toca.)

Unidade9: Clara muda de ideia e apoia o filho.

Clara – Desculpe, Lucas. Tudo isso é muito estranho pra mim, é o contrário do que sempre acreditei, do que eu sonhava pra você.(Pausa.) Acho que o egoísmo não termina com a propriedade, começa aí. A gente fica se achando dono da vida, das idéias dos outros.(Pausa.) Você tem razão. A sua felicidade não tem que ser como eu imagino. A liberdade implica sempre o risco do novo, do diferente. Isso assusta, principalmente quando se viveu preso.

Unidade10: A liberdade.

Lucas – Ultimamente tem uma poesia que não me sai da cabeça. “Quando eu morrer, e é tão triste a gente ir, alguém escreva para mim numa primavera qualquer a palavra “liberdade”, junto ao meu desespero de acabar”.

Unidade11: Os amigos.

Clara – “Numa primavera qualquer...”(Pausa.) Você pretende viver com seu amigo?

Lucas – Não sei, a gente tá junto, partilhando tudo, mas nós temos uma revolução pra fazer, não se sabe o que vai acontecer. Minha vida se transformou muito por causa dele.

Unidade12: A percepção da Clara na mudança de Lucas.

Clara – Eu percebi que você mudou.

Lucas – Você sabia por quê?

Clara – Tinha medo de ter certeza.

Lucas – E agora?

Clara – Agora vou olhar essa certeza de frente. Talvez assim perca o medo, só preciso de um pouco de tempo. Você fez bem em ter me falado, conosco vai ser diferente, do meu pai, desde sempre... Mais do que tudo, quero estar junto de você.

Lucas – Nós já estamos mais juntos.

Unidade13: A participação na vida de seu filho.

Clara – Diz ao Diogo para vir mais aqui.

Lucas – Como você sabe que é ele?

Clara – Acho que a gente sempre sabe tudo. Pelo seu sorriso quando ele aparece?!

A lira dos 20 anos

Gabriel Lima | 13/05/2012

Um sentimento de liberdade e revolução toma conta de um grupo de jovens, que ao entrarem na faculdade veem esses sentimentos crescerem, iniciando um movimento de mobilização que acaba ganhando uma proporção maior. Conforme o tempo se passa, eles vão enfrentando a opressão, mas principalmente suas próprias revoluções internas que se mostram maiores que a própria ditadura...

A lira dos 20 anos

Gabriel Lima | 13/05/2012

Cena 6
“A um passo da eternidade”

Unidade 1 – “RESULTADO POSITIVOS” [O grupo na casa de Lucas.

Diogo(Para Lucas) – Rapaz, você esteve ótimo, a greve se estendeu a toda a faculdade. O Cremildo tá espumando de ódio.

Lucas – O legal foi que todo mundo falou. A gente está conseguindo se mobilizar, e agora com o grupo de estudos vamos nos organizar melhor.]

Unidade 2 – “ALGUEM PARA AJUDAR” [Marcos – Dizem que o Bruno, esse cara que vai dar assistência político ideológica pra gente, domina o método dialético.

Ninon – Ai chego a sentir a emulação revolucionária.

Regina – Emulação revolucionária? Fica aí fazendo o culto da personalidade que você acaba bem. Eu não vou com a cara desse sujeito.

Diogo – Ora, isso não importa. Nós precisamos é de embasamento teórico pra nossa prática, se ele é bom nisso, vai nos ajudar.] Unidade 3 – “DEBATENDO IDEIAS”[(Entra Bruno.)

Bruno – Oi.(Todos respondem, menos Regina. Ninon tenta fazer-se notar; sem sucesso.) Chegaram cedo, a pontualidade é uma virtude indispensável.(Senta.) Eu já conheço vocês, fui informado do trabalho que vocês estão levando no instituto, e parece que do pessoal de lá, vocês são os que têm a melhor visão. As divergências no movimento estudantil refletem concepções bem diversas da realidade brasileira, e é a partir desse estudo que nosso grupo vai se estruturar. Nós vamos discutir os clássicos, a formação histórica da nossa sociedade, conduzindo a uma estratégia para sua transformação revolucionária e a atuação de vocês junto ao setor estudantil e as classes médias. Vocês têm pontos prioritários que gostariam de colocar para discussão no grupo?(Todos falam rapidamente, com avidez.)

Marcos – A gente quer discutir a existência ou não de uma burguesia nacional, questionando a possibilidade de uma aliança democrático-burguesa... Eu acho que não tem essa, a burguesia está toda associada ao capital monopolista.

Diogo – Em que momento deverá eclodir a luta armada? As condições subjetivas deverão surgir antes ou depois da instauração do foco guerrilheiro?

Regina – O papel do movimento estudantil é de propaganda e liderança frente aos setores das classes médias, ou deve atuar junto aos operários?

Lucas – Em que medidas devemos estabelecer alianças com as outras posições do movimento estudantil?

Ninon – Devemos procurar nos resguardar para outras tarefas ou a gente tem mesmo que se queimar fazendo trabalho de massa?

Bruno – Calma minha gente. Não se pode debater o programa inteiro de uma vez. As questões são ótimas, nos vamos discutir isso tudo, mas é preciso sistematização... Vamos partir para o livro de hoje; todo mundo leu o “Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã?”] Unidade 4 –“GENTILEZA E DISTRAÇÃO” [(Ninon traz uma bandeja; Para Ninon) Companheira, a disciplina é vital para os militantes. O lanche não pode ficar para o final?

Ninon(Afastando-se com a bandeja) – Eu pensei que podiam ter fome.(Ouve-se Clara ao piano. Todos silenciam. Prece.)

Lucas(Enlevado) – É minha mãe tocando...]

Unidade 5 – “RETOMANDO AS IDEIAS” [Bruno – Então, leram o Feuerbach?(Todos concordam.) Quem gostaria de começar?

Lucas – Houve uma frase que me impressionou muito: “As palavras são o último refúgio do idealismo”

Ninon(Ainda de pé, empostada) – O amor, como filosofia abstrata do homem universal, é uma arma ideológica terrível!(Olha de soslaio para ver o efeito. Todos se olham surpresos e para ela, que se senta triunfante.)]

Sinopse da Peça " A Lira dos Vinte Anos"

Sabine R. | 12/05/2012

Em " A Lira dos Vinte Anos" um grupo de jovens se reúnem na década de 1960 em busca de liberdade contra o Regime Militar estabelecido no Brasil.
Suas jornadas começam um pouco antes do ingresso à Universidade onde a opressão também está imposta.
Saem às ruas, encontram-se clandestinamente, amores nascem, pessoas morrem.
Uma história com histórias que poucos ousaram em comentar ou encenar. Um final tocante.

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