A Lira dos Vintes Anos (Paulo César Coutinho)

Conforme orientação dada no encontro do dia 22/04/12 (Experimento I) e 05/05/12 (Esperimento II), segue a relação de alunos e as respectivas cenas que deverão ser divididas em Unidades de Cena, lembrando que todas as unidades deverão ser nomeadas com palavras, expressões ou frases que sintetizem o tema tratado em cada unidade. (Ver item 1.1. do Modelo de Análise de Texto Dramático). Ao finalizar a atividade proposta, postar a(s) cena(s) com a divisão e os nomes das unidades no fórum ao final da página. Não esqueçam também de postar a sinopse do texto no mesmo fórum. Segue modelo de uma possível divisão de unidades de cena:

 

 

Cena 1 7

“Morfina”

 

Unidade 1 – “A MORTE DE DIOGO” [Praça. Lucas e Regina no banco se olham e se acariciam.

 

Regina – Eu escapei do cerco com sua mãe, eles nem nos pararam. Depois eu soube da morte dele. Foi como se tivessem me arrancado as entranhas, achei que ia enlouquecer. Clara me consolou muito tempo, sem dizer nada.]  Unidade 2 – “MORFINA” [Aí ela começou a sentir dores. O médico foi lá e aplicou uma injeção de morfina.

 

Lucas – Morfina...

 

Regina – Quando eu fui embora ela tava dormindo. (Pausa.)Unidade 3 – “CLANDESTINIDADE” [O que é que você vai fazer agora?

 

Lucas – O que é preciso. Vou cair na clandestinidade, morar com companheiros que nem conheço, assaltar bancos...

 

Regina – Meu querido, como é que você vai resistir, sem a Clara, sem o Diogo?

 

Lucas – Tá tudo escuro por dentro, por fora... Eu tô me sentindo sozinho, muito sozinho...(Os dois se abraçam)] Unidade 4 – “A FUGA” [Você precisa ir embora logo. Bruno foi preso, a gente nunca sabe quanto sofrimento uma pessoa aguenta pra não falar. Você viaja hoje à noite para a Europa. Os companheiros estão te esperando com documentos prontos.]

 

Unidade 5 – “SONHO LUMINOSO” [Regina – Lucas, vem comigo...

 

Lucas – Não! Quero ficar!

 

                Regina – Você acha que valeu a pena? Transformar o mundo era um sonho tão luminoso, e veio tanta dor, tanta morte, tanta tristeza.Você acha que nós vamos conseguir?

 

Lucas – A gente tem que conseguir, eles não morreram em vão. A gente tá só começando. Um dia, um dia nós vamos vencer.]

 

Unidade 6 – “PROMESSA DE VIDA” [Regina – Lucas eu vou embora porque estou grávida. Eu quero ter esse bebê, você entende? Ele é a promessa que o Marcos fez pra mim.

 

Lucas – Ele vai nascer. Tem que nascer. Você tem que viver.(Beijam-se longamente na boca. Depois abraçam-se chorando baixinho.] Unidade 7 – “DESPEDIDA” [Lucas a empurra devagar)

 

Lucas – Vai, vai, vai...(Regina sai)]

 

Link para o texto completo: A Lira Dos Vinte Anos2.doc (156 kB)

 

 

RELAÇÃO DE ALUNOS E CENAS PARA DIVISÃO DAS UNIDADES:

 

ATO I

 

Cena 1 - "O Mar e a liberade"

ADRIELLE (Experimento I)

ANDREZZA (Experimento II)

 

Cena 2 - "Tou contigo e não abro"

ANDREW (Experimento I)

CAMILA (Experimento II)

 

Cena 3 - "Estou doida pra dar"

BELGA (Experimento I)

DAIANE (Experimento II)

 

Cena 4 - "Prece"

BRUNO (Experimento I)

ELDER (Experimento II)

 

Cena 5 - "Duelo de gigantes"

CAROL (Experimento I)

ELIANE (Experimento II)

 

Cena 6 - "A um passo da eternidade"

EDMAR (Experimento I)

GABRIEL (Experimento II)

 

Cena 7 - "A união faz a força"

Cena 8 - "Nós também somos o Brasil"

Cena 9 - "Sem você, meu amor, eu não sou ninguém!"

ELAINE (Experimento I)

 

Cena 10 - "Uma eletrizante aventura na praça pública"

GABRIELA (Experimento I)

 

Cena 11 - "Um por todos e todos por um"

Cena 12 - "Somos ou não somos todos seres humanos?"

GILKA (Experimento I)

 

Cena 13 - "Linha de frente"

ITA (Experimento I)

 

ATO II

 

Cena 1 - "Nós podemos mudar o mundo"

JOCASTA (Experimento I)

GUSTAVO (Experimento II)

 

Cena 2 - "Que merda!!!"

JONATHAN (Experimento I)

LEANDRO (Experimento II)

 

Cena 3 - "Numa primavera qualquer"

JOSIELE (Experimento I)

MAGNO (Experimento II)

 

Cena 4 - "Vamos ser felizes juntos"

KELLY (Experimento I)

ODAIR (Experimento II)

 

Cena 5 - "Esperança"

LUCAS GUSTAVO (Experimento I)

RAPHAEL (Experimento II)

 

Cena 6 - "Dois oprimidos esfomeados se encontram"

LUCAS APARECIDO (Experimento I)

SABINE (Experimento II)

 

Cena 7 - "E começa a derrota"

Cena 8 - "Cada um na sua"

MADÊ (Experimento I)

 

Cena 9 - "Treinamento"

MARIA (Experimento I)

 

Cena 10 - "Ação"

NATAN (Experimento I)

 

Cena 11 - "Vexame"

NELSON (Experimento I)

 

Cena 12 - "O racha"

PAULO (Experimento I)

 

Cena 13 - "Plenitude"

RAFAEL (Experimento I)

 

Cena 14 - "Momento eterno"

SUELLEN (Experimento I)

 

Cena 15 - "Mãe"

TATIANA (Experimento I)

 

Cena 16 - "Solidão"

Cena 17 - "Morfina"

THIAGO (Experimento I)

 

Cena 18 - "Os guerrilheiros eternos"

VIRIAN (Experimento I)

 

 

Postagem das Cenas com a divisão de Unidades

Divisão da Cena 6 em Unidades

Sabine R. | 12/05/2012

Cena 6
“Dois oprimidos esfomeados se encontram”

UNIDADE 1 – “PEQUENA DESILUSÃO” [Marcos e Diogo no mimeógrafo. Ouve-se o som da máquina.

Diogo – Esse mimeógrafo é uma droga, falta muito pra rodar?

Marcos – Quase a metade, e tem que ficar pronto amanhã de manhã.

Diogo – Eu quase fico louco com essas coisas. Uma boa agitação é comigo, mas eu não dou pra ficar trancado num lugar, me dá falta de ar.
Marcos – Pois é! Quando iniciei a minha carreira de revolucionário, botando bomba de São João no banheiro do colégio, nunca pensei que precisasse de tanta ordem para combater a ordem. ]UNIDADE 2 – “SAUDADES” [ Aqui entre nós, você não sente falta de fazer o que te der na cabeça, daquele maravilhoso ócio pequeno-burguês?

Diogo – Muito! Eu era um rato de cinemateca. Ia ser cineasta, como todo mundo. Fazia mil filmes na cabeça, escrevia roteiros sem parar. Meu sonho era fazer um musical.

Marcos – Mas o seu mestre não é Godard?

Diogo – E daí? Um musical socialista, a resposta do Terceiro Mundo à dominação de Hollywood.

Marcos – Taí, gostei!

Diogo – Eu comprava tudo sobre cinema, livros, discos, álbuns. Agora não tenho tempo nem dinheiro. Sabendo que tem militante aí na maior dureza, guardo um pouco pra mim e dou o resto pra organização.

Marcos – É justo, é justo. . Mas é uma barra a gente ser criado com tudo nas mãos, depois ter que se virar. Sabe que às vezes eu sonho com a comida da casa de meus pais? Vinha tudo pra mesa fumegando, feito milagre, era só sentar e comer. ]UNIDADE 3 – “ALIMENTAR O CORPO”[ Ai, que fome...

Diogo – Você não quer ir comprar uns sanduíches?

Marcos – A essa hora tá tudo fechado. Cada suflê de desmanchar na boca, siri recheado, torta de morango...

Diogo – Você tá com fome mesmo, hein?

Marcos – ]UNIDADE 4 –“ ALIMENTAR A CABEÇA”[ Eu sou faminto por natureza. Acho que foi por isso que virei comunista. Sabe aquela história –“De pé, oh vítimas da fome”. Tenho fome de tudo, gente, lugares, coisas novas, amor, sexo...

Diogo – Mas você e Regina não estão legal?

Marcos – É bom, é bom demais. Mas ela é tão calma, tão racional. Além disso, ]”UNIDADE 4 – ALIMENTAR O EGO”[ está sempre cansada e só quer falar de política. Eu gosto das coisas bem loucas. Assim, na aventura. Outro dia não resisti. Sabe aquela companheira loura, lá da Economia? Pois é, fomos tomar um chope, ficamos discutindo, discutindo e acabamos discutindo na cama.

Diogo – Você contou pra Regina?

Marcos – ]UNIDADE 5 – “COVARDIA”[ Porra, bem que eu queria falar, porque me deu a maior culpa. Mas ela me matava. Ela acha que eu não gosto dela... E eu briguei com minha família pra casar com ela.

Diogo – E por que eles não queriam?

Marcos – Eu sou judeu, meu pessoal é sionista. A minha barra é muito pesada, parece carma, além de comunista eu sou judeu.

Diogo – É, eu sei, de opressão eu entendo bem.

Marcos – ]UNIDADE 6 – “CONFLITO RELIGIOSO”[ Sabe, cara? Tem gente que acha que ser judeu é só ter o pinto cortado. Te cortam muito mais. Quando você briga com alguém, é disso que te xingam “seu judeu!”. Eu já tive uma namorada que disse “Eu odeio judeu. Você não é judeu não, é?”

Diogo – A minha barra também não é fácil. Quando você vive com um cara, você é clandestino duas vezes, na política e no sexo.

Marcos – Ah, mas é diferente!

Diogo – Diferente por quê? Te perseguem do mesmo jeito!

Marcos – Ora, Diogo, que exagero, na guerra mataram seis milhões de judeus.

Diogo – ]UNIDADE 7 – “REVELAÇÃO HOMOSSEXUALISTA”[ E seiscentos mil homossexuais, nos mesmos campos de concentração. A diferença é que uns usavam uma estrela amarela, e outros um triângulo cor-de-rosa, a morte era igual.

Marcos – Eu não sabia disso...

Diogo – Quem conta a história só escreve o que quer. ]UNIDADE 8 – “MEDO DE QUEM BATE”[ (Batem na porta. Os dois se olham assustados.)

Marcos – Porra! É a polícia! Vamos cair!

Diogo – Tem algum documento da organização ai?

Marcos – Tá cheio de coisa lá dentro.

Diogo – Vamos queimar!

Marcos – Não dá mais tempo! Pega o revólver!(Os dois se armam e se encostam na parede.)

Ninon(Chamando de fora) – Marcos! Marcos!

Marcos(Baixando o revólver) – É a Ninon!

Diogo – Espera! Pode ser uma cilada!

Marcos(Empunhando de novo a arma) – É melhor abrir!(Abre a porta, puxa Ninon para dentro e aponta o revólver para fora. Ela se assusta, mas percebe rápido a situação.)

Ninon – ]UNIDADE 9 – “HORA DO LANCHE”[ Isso é maneira de receber uma companheira? Puxa, que paranóia!(Pausa) Taí, uns sanduíches e uns milkshakes derramados.(Os dois avançam para a comida; Sorrindo) Também do jeito que as coisas andam, eu fico achando que a minha sombra é a polícia...

ATO I , CENA 03 ''Estou doida pra dar''

Daiane | 12/05/2012

Cena 3

“Estou doida pra dar”



Ninon, Regina e Bruno mais tarde. Unidade 01: NÃO É O QUE PARECE



[Ninon – Você não imagina o que aconteceu...



Regina – Não me diga! Não acredito!



Ninon – Quer dizer, mais ou menos.



Regina – Mais ou menos?! Mas foi ou não foi?]



Unidade 02 : O ENCONTRO

[Ninon – Vou te contar! Ontem fui a um bar com o Bruno, nós ficamos horas discutindo.



Regina continua sentada assistindo à cena que comenta. A luz mostra Bruno numa mesa de bar. Ninon senta-se com ele.



Bruno – Você age como uma burguesa preconceituosa. Os seus problemas são ideológicos, onde já se viu uma militante gastando uma fortuna com analista porque, não consegue ter relações sexuais? Isso são deformações da classe, que só se resolve na prática.



Regina(Para o público) – Conheço essa cantada ideológica. O cara tá afim de comer e fica questionando a sua vacilação em dar como caráter de classe.]



Unidade 03: HOTEL BARATO [Ninon e Bruno entram num quarto de hotel. Ninon para diante da cama.



Ninon – Ai que horror!



Bruno – Que foi?



Ninon – Essa cama tá imunda! Olha só, o lençol tá amarelo de sujo!



Bruno(Agarrando Ninon) – Ora que bobagem, vai ligar pra isso?]



Unidade 04: EU PAGO [Ninon – Aqui não! Aqui não! Vamos a outro lugar, eu tenho dinheiro.

Bruno – E você acha que eu vou aceitar o seu dinheiro pra pagar o hotel?]



Unidade 05: O MACHISTA [Regina(Para o público) – Olha que machista, nessa hora não vê que ideologia é essa do “homem aqui é quem paga”.] Unidade 06: EU QUERO É SEXO: [(Bruno joga Ninon na cama e deita-se por cima dela. Ela treme dos pés à cabeça.)



Bruno – Você tá tremendo!



Ninon – Estou com frio!(Bruno beija Ninon e tenta abrir-Ihe as pernas, ela continua dura e tremendo.)



Bruno – Deixa eu te esquentar... Calma, neguinha, abre as perninhas, abre, eu vou te comer todinha, vou te mostrar como homem é gostoso...(Pausa.]) Unidade 07: A FRUSTAÇÃO [Assim não dá, você tá trancada!



Ninon – Eu estou relaxada.(Bruno se levanta furioso, gritando.)



Bruno – Assim não dá! Assim não dá! Sua reacionária!(Bruno sai, Ninon senta-se na cama.)]



Unidade 08: CAFAJESTE [Ninon(Para Regina) – Aí ele foi embora...



Regina – Ótimo! É bom mesmo que você não veja mais este cafajeste!



Ninon – Não é cafajeste! É um companheiro...



Regina – Ah, e não tem companheiro cafajeste? ] Unidade: 09: DESASTRE: São todos perfeitos... Essa deformação burguesa, de que ele vive falando para se afirmar, tá mais nele do que em você. Também, por que você não deixa a coisa acontecer, em vez de ficar desesperada querendo perder essa virgindade? Já não sei com quantos você já foi para a cama e chega lá é um desastre!]



Unidade 10: ANALISTA DE MERDA [Ninon – Meu analista disse que eu tô melhorando.



Regina – Esse é outro de quem você precisa se livrar! Você não vê que esse cara não saca nada, não tá te ajudando? Há anos que te explora, escarafunchando a sua infância, e não trouxe nenhuma mudança ao seu presente.]



Unidade 11: INSEGURANÇA [Ninon – Mas você sabe que eu não superei ainda o meu complexo de Electra, é por isso que não consigo ter relações genitais.



Regina – Ora, Ninon, não é nada disso, isso é pura fábula! Você é insegura, não encontrou ainda uma pessoa que te aceite, que te ame. E fica nessa ansiedade, se comparando com as outras. Cada pessoa tem seu tempo. Você fingindo que tem amantes é a mesma coisa que essas meninas de subúrbio que vão para a cama e fingem que são virgens, a mesma preocupação em não ser diferente.] Unidade 12: A VIDA É SUA [Ninguém tem nada a ver com a sua vida nem com a porra da sua origem de classe. Se a sua família nada em dinheiro. isso não é pecado original seu. Se não fosse assim, seria difícil explicar como é que aqueles príncipes russos passaram para a redenção.



Ninon – Disso eu sei! Mas eu queria ver é encararem o sexo com naturalidade sendo filhos de Catarina a Grande!



Regina – Mas o que é que a vida sexual tem a ver com a sua mãe?



Ninon – Não sei, mas acho que como ela só faz trepar e sair nas colunas sociais, acabei virando puritana, com medo de ser puta como ela.]



Unidade 13 É TUDO TÃO SIMPLES: Regina(Enternecida) – Você é muito diferente dela pra ter que ficar se provando que é o contrário. Você, vai encontrar o amor, você vai ver.



Ninon – Puxa Regina acho que você é uma mulher tão incrível! Tão segura, tudo para você é fácil... ]Unidade 14: AMOR E REVOLUÇÃO [Teve até coragem de sair de casa sem dinheiro. É por isso que a sua relação com Marcos é assim revolucionária.



Regina – Não é!(Sonhadora.) O homem novo é um ideal. Mas nós não somos assim ainda talvez não sejamos nunca. Estamos só abrindo caminho...]

2° ATO Cena 1 “Nós podemos mudar o mundo”

Gustavo Vieira | 12/05/2012

Unidade 1 : "Surpresos"
Casa de Lucas. Clima de festa. Todos bebem, riem, falam animados.

Marcos – Depois da sexta-feira sangrenta, com aquelas trinta pessoas mortas, pensei que a gente nunca mais is poder sair às ruas.

Diogo – Cem mil! Cem mil! Cem mil pessoas! Nós conseguimos colocar cem mil pessoas nas ruas!

Unidade 2 : "Calculista":
Regina – Ah, isso não vai continuar assim... Eles não vão permitir que a gente leve uma massa cada vez maior pras ruas, até que numa bela manhã de sol, se tome o poder.

Unidade 3 : "Maluca"
Ninon(Meio bêbada) – Já pensou, que maravilha, tomar o poder numa bela manhã de sol!

Unidade 4 : "Justo , recordando "
Marcos – Caminho da gente não é insurreição urbana, nem a classe média pode ir muito longe sem os operários.

Diogo – Sem direção tudo pode refluir. Vocês não estão vendo a oportunidade que se perdeu em maio, na França?

Unidade 5 : "Destorcida que só "
Ninon – Maio na França... Torre Eiffel, Monfmartre, oui mon cherri, je suis une revolutionaire bresilienne...

Unidade 6 : "Orgulho bom "
Lucas – Mais parece que um vendaval tem se estendido pelo mundo inteiro esse ano... Há mobilização em 40 países, um desejo de transformação em toda a parte! Até os burocratas do leste europeu estão sendo encostados na parede.

Ninon – Quando eu vi aquela multidão na cidade pensei, esse dia tá inscrito para sempre em nossas vidas.

Marcos – Porra, a gente só faz apanhar e ser preso, já era tempo de uma vitória que desse força para continuar.

Lucas – Foi legal! Sem combinar veio todo mundo pra cá!

Regina – Tinha caído a tarde. Eu vinha com o Marcos pelo aterro. A gente não cabia de emoção. Tinha que partilhar com vocês.

Unidade 7 : " Inconformado "
Diogo – No final da passeata tinha nêgo se achando no poder e distribuindo os ministérios.

Unidade 8 : " Irônica e embriagada "

Ninon – Lucas vai pra Cultura, Diogo pras Forças Armadas, Marcos pras Relações Exteriores, Regina pra Saúde, Deus a conserve... E eu vou ser a ministra do Prazer Público.

Regina(Rindo) – Ninon, você tá bêbada...

Unidade 9 : "Voz do Povo "

Marcos – Era incrível, as palavras de ordem iam surgindo na hora, da cabeça da massa...

Lucas – E muita gente que nunca abriu a boca, subiu em poste pra falar, quando a passeata parava e o pessoal sentava no chão.

Ninon – Eu fui uma das que subiu em poste e botou a boca no mundo.

Regina – Ninon, eu sempre confiei em você. Acho que depois disso a burguesia está mesmo liquidada.

Unidade 10 : " Salute "

Marcos(Colocando um disco) – A gente precisa comemorar, vamos fazer uma festa.(Marcos dança com Regina. Diogo puxa Lucas, que hesita, mas vai.)

Ninon – Eu tô sempre sobrando...

Regina – Não tá não, Ninon...(Regina abraça Ninon, que puxa Lucas e Diogo. Todos dançam juntos, com as cabeças coladas. A cena se imobiliza como uma foto. A música continua ao fundo.)

Cena 1 - “O Mar e a liberdade”

Andrezza Gomes | 11/05/2012

1o ATO

Cena 1
“O Mar e a liberdade”

UNIDADE 1 – “Encontro ao luar”[ Em frente a casa de Lucas.

Diogo(Gritando) – Lucas! Lucas!

Lucas(Aparece num ponto mais alto) – Oi, você não vai estudar?

Diogo – Hoje não dá, tá uma lua incrível, desce aqui.

Lucas – Amanhã tem prova no cursinho.

Diogo – Esquece um pouco esse vestibular, quero falar com você.

Lucas – Peraí.(Desce)

Diogo – Acabei de ler Maiakovski. Os burocratas só podiam mesmo odiar um poeta daqueles, eles mataram o cara. (Pausa.) Eu entendi tudo...

Lucas – Tudo o quê?

Diogo – Tudo... Vamos até a praia...(Saem correndo, brincando um com o outro, chegam à praia) Que lua incrível!! Essa é a luz que eu quero pro meu filme. Você ama Godard? Eu amo, é um gênio, revolucionou o cinema. Você viu “Pierrot, le Fou?”(Canta.) Auclair de la lune, mon ami, Pierrot, prête moi la plume, pour écrire un mot.(Diogo dita no chão. Lucas senta-se ao lado dele.)]

UNIDADE 2 – “O Segredo” [Lucas – Diogo, posso te falar uma coisa?

Diogo – Claro! Fala!

Lucas – Não! Deixa...

Diogo – Ah! Fala, eu quero saber. O que é?

Lucas – Você não acha que o mar tem a ver com a liberdade?

Diogo – Não era isso que você ia me dizer...(Pausa.) UNIDADE 3 – “O Que fazer da vida” [Você já resolveu o que vai fazer da vida?

Lucas – Sei lá, andar por aí, conhecer gente, fazer a revolução...

Diogo – Você não tem medo de morrer?

Lucas – Não... Tenho medo de não viver.

Diogo – Por que você resolveu estudar história?

Lucas – Pra entender as coisas. Você também, não é?

Diogo – É! Mas às vezes eu não sei se é por aí. A história deles é o contrário da vida.

Lucas – Mas pra gente é uma arma.] UNIDADE 4 – “Vestibular” [Outro dia perguntaram na prova em que ano caiu o Império Romano no ocidente. Avaliando que nós, os bárbaros, já estamos às portas da universidade, respondi que o império vai cair agora, em 68.

Diogo – Avaliando que quem corrige as provas é a civilização decadente, você vai é levar pau no vestibular. Cara, você voa durante as aulas, não sei como é que se dá bem.] UNIDADE 5 – “Primeira impressão” [Quando entrei pro curso, te achei muito estranho.

Lucas – Eu também te achei diferente, tão sério com dezessete anos, meio o menino precoce. Às vezes o professor tava lá falando e eu ficava te olhando...

Diogo – É, eu notava que você me olhava. Por que hein?

Lucas – Eu gosto de olhar as pessoas... Mas você também me olhava. Por quê?

Diogo – Também gosto de olhar as pessoas.(Silêncio.)

Lucas – Não era só isso... É que era bonito imaginar Aknaton, Alexandre ou Robespierre com a sua cara.

Diogo – Não gosto de ter a minha cara. Já tive até vontade de me deformar pra ter certeza de que as pessoas procuravam por mim, não pelo meu rosto.

Lucas – E você não consegue perceber quando alguém te vê pelo que você é?

Diogo – Em geral é difícil, tenho o pé atrás. Mas às vezes a gente sente. Acho que a beleza não tá só numa pessoa, é algo que surge de um encontro. A beleza é tão outra coisa...] UNIDADE 6 – “Sentimento Novo” [É o que eu sinto com você e isso me dá medo.

Lucas – Por que medo?

Diogo – Porque é novo, não sei definir, não sei aonde vai me levar e de todo o jeito eu quero ir.

Lucas – Eu também tinha medo... De que você não sentisse assim, não tivesse coragem.

Diogo – Uma vez, quando eu era garoto, meu pai me pegou abraçado com outro menino. Botou ele pra fora de casa, e me deu uma surra. Nem sabia por que tinha apanhado, e nós nunca mais falamos nisso. Tive namoradas e gostava delas, mas nunca deixei de achar que o amor acontece com qualquer pessoa, assim...]

UNIDADE 7 – “AMOR”[Lucas – É, o amor acontece assim...

Diogo – Eu agora quero correr todos os riscos por você.

Lucas – Me dá um beijo?(Diogo beija Lucas na boca.)]

perdoem os erros

Gilka Rother | 08/05/2012

muito cansaço, galera!!!

ATO I - Cena 12: Somos ou Não Somos Todos Seres Humanos?

Gilka Rother | 08/05/2012


UNIDADE DE CENA UM: QUEM TEM SENTIMENTOS?

Ninon - Eu não sei se isso é alienação, não entendo muito bem das coisas, mas fico sempre me perguntando se tem que ser assim, se todo mundo é humano.

UNIDADE DE CENA DOIS: DÚVIDA

Ninon - Até um maldito capitalista, um policial, não é uma pessoa? Não tem sentimentos? Não ama?

UNIDADE DE CENA TRÊS: RELATANDO OS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS.

Ninon - Quando marcaram a manifestação em frente à embaixada, achei ótimo. Sou anti-imperialista radical, não é só pelo horror que eles fazem, mas também porque nunca fui com a cara desses gringos nojentos. Fui toda feliz, com umas flores no cabelo assin de jennie fille au printemps.

UNIDADE DE CENA QUATRO: UM MOMENTO ÚNICO.

Ninon - Todavia tava tudo tão bonito, a bandeira queimando, o céu vermelho de fim de tarde, parecia também que tava pegando fogo.Tinha um cara do meu lado que era uma gracinha, a gente ficou se olhando e rindo, gritando abaixo o imperialismo!

UNIDADE DE CENA CINCO: DIA FATÍDICO.

Ninon - De repente, saiu tiro lá de dentro. Ouvi os tiros, os gritos, a correria, mas não consegui sai do lugar, fiquei ali, sem me mexer. Então o cara que tava do meu lado levou uma bala na cabeça. Ele nem gritou, só caiu assim, feito um passarinho.Eu me abaixei e segurei ele entre os braços, meu vestido ficou cheio de sangue.


UNIDADE DE CENA SEIS: Resultados drásticos.

Ninon - Quando pararam de atirar, haviam seis mortos caídos no chão. Os jornais publicaram tudo, mas sumiram com os corpos pra não ter provas...

UNIDADE DE CENA SETE: O horror.

Ninon - Foi tudo tão absurdo, a gente tava ali namorando, e de repente eu tava viva, e ele tava morto.

UNIDADE DE CENA OITO - Eis a questão.

É isso que eu não consigo entender. Por que eles atiraram? Como é que puderam fazer isso?



Tou contigo e não Abro

Camila Oliveira | 07/05/2012

2° Ato
Cena 2
“Tou contigo e não abro”

Unidade 1 – “Doce encontro” [Marcos e Regina correm um para o outro numa praça.

Marcos – Tou contigo e não abro.]

Unidade 2 – “Covardia de irmãos” [Regina – Meu querido, você está todo machucado!

Marcos – É! Foram seus irmãos...

Regina – Filhos da puta! São uns covardes, machistas!

Marcos – Me defendi, mas eles eram três, levaram a melhor, cheguei a ficar a nocaute no meio da rua.

Regina – Juro que mato esses caras se eles te tocarem de novo! A maluca da minha mãe cismou que eu tinha que fazer um exame ginecológico, pra ver se ainda era virgem.(Ri.) E o pior é que sou, né? Mas me recusei a ir, e aí ela fez um escândalo, e os três machinhos ficaram berrando, me proibindo de te ver. Eu disse que a “honra de uma mulher” não tá numa frágil película entre as pernas, e responderam que vou acabar na zona.]

Unidade 3 - “Problemas entre famílias” [Marcos – Eles ligaram lá pra casa, meu pai veio me dar um esporro, que é bem feito que me quebraram a cara, que com menina de família a gente não se mete, com tanta programeira por aí. Além de tudo você é goy.

Regina – Sou o quê?

Marcos – Não é judia... Eu disse que te amava, ele cortou minha mesada, e me ameaçou mandar para Israel.

Regina – Entre minha família e a sua, não sei qual é a pior. Não tem mais nada a ver continuar com eles, a gente precisa morar junto.]

Unidade 4 – “ A Surpresa que muda tudo” [Marcos – Eu tenho uma surpresa para você.

Regina – Qual é?

Marcos – Arranjei um emprego!

Regina – Marcos! Ô, meu amor! De quê?

Marcos – Meio expediente! Num jornal, uma miséria... Mas dá pra gente alugar um quarto no solar da fossa. Já fui lá combinar tudo! Topas?

Regina – Se quero? Claro que quero! Agora!

Marcos – Só que a grana não dá pra gente comer.

Regina – Amanhã eu parto para procurar trabalho também.

Marcos – E o vestibular?

Regina – A gente larga o cursinho e estuda junto, o que é muito melhor.(Pausa.) Hoje vai ser nossa primeira noite de liberdade sem hora de voltar para casa. Já pensou que bom acordar juntos?]


Unidade 4 – “Você me completa, você me faz uma pessoa melhor” [Marcos – Regina, minha rainha! Eu sempre fui um cara tão medroso, tão filhinho de papai, você me tirou daquela prisão, me deu tudo!

Regina – Será que você não vê que é porque você também me deu força? Eu nunca tinha sido rainha antes.(Os dois se abraçam.) Deixa eu ir pegar as minhas coisas. A gente tem a vida toda pela frente, mas tô com muita pressa, não quero mais perder tempo nenhum!(Sai correndo.)]

Unidades - cena 12 - o Racha

Paulo duSantus | 04/05/2012

Unidade 1- UMA SÉRIA DECISÃO [Reunião. Ânimos exaltados.

Lucas(Para Bruno) – Quanto à luta interna na organização, já discutimos e tiramos posição. Somos pelo início imediato da luta armada.(Bruno se sobressalta.)]

Unidade 2 – IDÉIAS CONTRÁRIAS DENTRO DO GRUPO [Regina – Com meu voto contra.

Marcos(Para Regina) – Que absurdo! Você não pode fazer isso!

Regina – Posso fazer o que quiser. Eu penso com a minha cabeça!

Marcos – Você vai abandonar a luta?

UNIDADE 3 – UMA OUTRA VISÃO Regina – Não vou abandonar a luta, vou lutar de outra forma.

Marcos – Não acredito.

Regina – Dane-se.

Unidade 4 – VOLTAR AO FOCO Lucas – Companheiros, a discussão não é pessoal, é política.

UNIDADE 5 – EXPLICANDO SUAS OPNIÕES - Regina – Eu acho que o momento é de preparação. A gente não pode continuar radicalizando sem a massa. Se a vanguarda vai correndo na frente, se isola, vira prato feito pra repressão.Vocês esquecem que as greves foram massacradas, que os trabalhadores estão desmobilizados?

Diogo – As condições objetivas para a Revolução já existem, as condições subjetivas serão criadas a partir da deflagração da luta armada.

Ninon – O foco guerrilheiro vai se espalhar, as cidades serão cercadas, os operários irão se levantar.

Bruno – Isso são ilusões agora, o Estado tá forte, e nós somos poucos, despreparados. Nós estamos sós, não se faz Revolução sem o povo.

Marcos – Fala-se em luta armada, todo mundo concorda, mas querem passar anos discutindo em vez de pegar em armas... Não há mais calma possível, não podemos continuar a reboque da burguesia, temos de partir já para a ação.

UNIDADE 6 – METÁFORA - Regina – A política não é um jogo, não é um brinquedo. Unidade 7 – ISSO É POLÍTICA [É uma ciência, uma forma de intervir na realidade, a partir de interesses definidos de classe.] UNIDADE 8 – CERTEZAS - Saber quando recuar é tão importante quanto saber definir quando avançar. Senão, cai-se no aventurismo, que leva ao desgaste, ao aniquilamento e a maiores retrocessos.

UNIDADE 9 – REVOLTADO MESMO - Diogo – Então vamos cruzar os braços e esperar que o capitalismo morra de velho.

UNIDADE 10 - TRABALHO OPERACIONAL - Bruno – Não! Vamos fazer o trabalho operário, chato, cotidiano, mas imprescindível. Não seremos vanguarda de nada, desligados dos trabalhadores.

Lucas – A repressão tá avançando, o movimento de massa tá em descenso, continuar em porta de fábrica tentando contagiar fisicamente os operários é suicídio.

Bruno – É claro que há perigo de cair, mas esse trabalho sempre foi feito, mesmo debaixo das piores ditaduras.

UNIDADE 11 – LEMBRANÇAS RUINS - Ninon – Foi com boas desculpas que o partidão freiou a Revolução e traiu a classe operária durante 50 anos.

Regina – Nós não temos nada a ver com o partidão.Você acha que um dia iremos recuperar todo o tempo que eles perderam?

Ninon – Sim, com surpresa, rapidez, agilidade e coragem.

UNIDDE 12 - MARTÍRES - Bruno – Muitos militantes do partidão morreram com coragem na tortura, plenamente convencidos de seus erros. Coragem não é o bastante, isto é um julgamento moral, não político.

UNIDADE 13 – REBELDE REVOLUCIONÁRIO - Lucas – Então vocês fiquem eternamente se preparando que nós vamos dar o exemplo das balas. “O dever do Revolucionário é fazer a Revolução”. Temos que criar um, dois, três, mil vietnans!

UNIDADE 14 – VISÃO DEMOCRÁTICA - Bruno – Companheiros, temos que respeitar a disciplina, o centralismo democrático. Vocês estão indo contra a maioria, fazendo fração, assim a organização vai rachar.

UNIDADE 15 – O RACHA - Marcos(Olhando para Regina) – Vai rachar, sim, e não tem outro jeito. Cada um vai pro seu lado. UNIDADE 16 – DESCULPA DO RACHA - Nosso compromisso é com a Revolução, não com um programa vacilante.

UNIDADE 17 – COMPARAÇÃO - Regina – Vocês se lembram dos narodniks? Foi um grupo de revolucionários russos, que ficou célebre por mandar nobres pelos ares. Eram muito poucos, mas o nome de sua organização era “Vontade do Povo”. Enfrentaram corajosamente a repressão e foram dizimados. Depois de seu fim, surgiram os bolcheviques, que fizeram revolução. Às vezes me pergunto se somos os primeiros bolcheviques ou os últimos narodniks(Silêncio.)

UNIDADE 18 – OTIMISTA - Ninon – Xô, que coisa trágica, deixa de derrotismo, menina. UNIDADE 19 – A FULGA DOS PROBLEMAS - Depois dessa, pra elevar a moral, só abrindo uma cervejinha.

UNIDADE 20 – AUTORITARISMO - Bruno – Companheira, a reunião ainda não terminou, não devemos beber.

UNIDADE 21 – REBELDES CONTRA QUALQUER LIDERANÇA - Ninon – Companheiro, a cerveja mata a sede, não a lucidez. Além disso você não é mais a minha liderança, perdeu completamente o carisma.(Pausa.) Divergências políticas à parte, quem é que vai de cerveja?


Ato ll - Cena 6 - Dois oprimidos esfomeados se encontram

Lucas Aparecido Dos Santos | 29/04/2012

Cena 6
“Dois oprimidos esfomeados se encontram”

UNIDADE 1 – IRRITAÇÃO [Marcos e Diogo no mimeógrafo. Ouve-se o som da máquina.

Diogo – Esse mimeógrafo é uma droga, falta muito pra rodar?

Marcos – Quase a metade, e tem que ficar pronto amanhã de manhã.

Diogo – Eu quase fico louco com essas coisas.]

UNIDADE 2 – O PASSADO DE MARCOS E DIOGO [Uma boa agitação é comigo, mas eu não dou pra ficar trancado num lugar, me dá falta de ar.

Marcos – Pois é! Quando iniciei a minha carreira de revolucionário, botando bomba de São João no banheiro do colégio, nunca pensei que precisasse de tanta ordem para combater a ordem. Aqui entre nós, você não sente falta de fazer o que te der na cabeça, daquele maravilhoso ócio pequeno-burguês?

Diogo – Muito! Eu era um rato de cinemateca. Ia ser cineasta, como todo mundo. Fazia mil filmes na cabeça, escrevia roteiros sem parar. Meu sonho era fazer um musical.

Marcos – Mas o seu mestre não é Godard?

Diogo – E daí? Um musical socialista, a resposta do Terceiro Mundo à dominação de Hollywood.

Marcos – Taí, gostei!

Diogo – Eu comprava tudo sobre cinema, livros, discos, álbuns. Agora não tenho tempo nem dinheiro. Sabendo que tem militante aí na maior dureza, guardo um pouco pra mim e dou o resto pra organização.

Marcos – É justo, é justo. Mas é uma barra a gente ser criado com tudo nas mãos, depois ter que se virar. Sabe que às vezes eu sonho com a comida da casa de meus pais? Vinha tudo pra mesa fumegando, feito milagre, era só sentar e comer.]

UNIDADE 3 – FAMINTO POR NATUREZA [Ai, que fome...

Diogo – Você não quer ir comprar uns sanduíches?

Marcos – A essa hora tá tudo fechado. Cada suflê de desmanchar na boca, siri recheado, torta de morango...

Diogo – Você tá com fome mesmo, hein?

Marcos – Eu sou faminto por natureza. Acho que foi por isso que virei comunista. Sabe aquela história –“De pé, oh vítimas da fome”. Tenho fome de tudo, gente, lugares, coisas novas, amor, sexo...]

UNIDADE 4 – RELACIONAMENTO COM REGINA

[Diogo – Mas você e Regina não estão legal?

Marcos – É bom, é bom demais. Mas ela é tão calma, tão racional. Além disso, está sempre cansada e só quer falar de política. Eu gosto das coisas bem loucas. Assim, na aventura. Outro dia não resisti. Sabe aquela companheira loura, lá da Economia? Pois é, fomos tomar um chope, ficamos discutindo, discutindo e acabamos discutindo na cama.

Diogo – Você contou pra Regina?

Marcos – Porra, bem que eu queria falar, porque me deu a maior culpa. Mas ela me matava. Ela acha que eu não gosto dela... E eu briguei com minha família pra casar com ela.

Diogo – E por que eles não queriam?

Marcos – Eu sou judeu, meu pessoal é sionista. A minha barra é muito pesada, parece carma, além de comunista eu sou judeu.

Diogo – É, eu sei, de opressão eu entendo bem.]

UNIDADE 5 – RELIGIÃO E IGUALDADE

[Marcos – Sabe, cara? Tem gente que acha que ser judeu é só ter o pinto cortado. Te cortam muito mais. Quando você briga com alguém, é disso que te xingam ¬“seu judeu!”. Eu já tive uma namorada que disse “Eu odeio judeu. Você não é judeu não, é?”

Diogo – A minha barra também não é fácil. Quando você vive com um cara, você é clandestino duas vezes, na política e no sexo.

Marcos – Ah, mas é diferente!

Diogo – Diferente por quê? Te perseguem do mesmo jeito!

Marcos – Ora, Diogo, que exagero, na guerra mataram seis milhões de judeus.

Diogo – E seiscentos mil homossexuais, nos mesmos campos de concentração. A diferença é que uns usavam uma estrela amarela, e outros um triângulo cor-de-rosa, a morte era igual.

Marcos – Eu não sabia disso...

Diogo – Quem conta a história só escreve o que quer.]

UNIDADE 6 – MARCOS E DIOGO SÃO SURPREENDIDOS

[(Batem na porta. Os dois se olham assustados.)

Marcos – Porra! É a polícia! Vamos cair!

Diogo – Tem algum documento da organização ai?

Marcos – Tá cheio de coisa lá dentro.

Diogo – Vamos queimar!

Marcos – Não dá mais tempo! Pega o revólver!(Os dois se armam e se encostam na parede.)

Ninon(Chamando de fora) – Marcos! Marcos!]

UNIDADE 7 - ALÍVIO

[Marcos(Baixando o revólver) – É a Ninon!

Diogo – Espera! Pode ser uma cilada!

Marcos(Empunhando de novo a arma) – É melhor abrir!(Abre a porta, puxa Ninon para dentro e aponta o revólver para fora. Ela se assusta, mas percebe rápido a situação.)

Ninon – Isso é maneira de receber uma companheira? Puxa, que paranóia!(Pausa) Taí, uns sanduíches e uns milkshakes derramados.(Os dois avançam para a comida; Sorrindo) Também do jeito que as coisas andam, eu fico achando que a minha sombra é a polícia...]

Ato 2 - Cena 10 - Ação

Natan Barros | 29/04/2012

UNIDADE 1 - DISFARCES [Porta da fábrica. Todos nesta cena aparecem fantasiados de proletários. Lucas finge que lê um jornal. Entra Ninon com um vestido curto demais. Lenço na cabeça e carregando uma sacola. Aproxima-se dele.

Ninon – Lucas!(Ele finge que não ouve.) Lucas, tá surdo?

Lucas(sussurrando) – Não fale comigo, eu sou a segurança.

Ninon – Mas é que ainda não chegou ninguém.

Lucas – Tá dentro da hora, volta pro teu lugar!

Ninon – Mas tem uma coisa que eu preciso saber. ..

Lucas – A gente já discutiu tudo!

Ninon – Lucas, eu tô com pinta de proleta?

Lucas – Tá, Ninon, eu nunca reconheceria você! Agora vai embora!

Ninon – Ih!(Afasta-se, boceja e olha o relógio.) Cinco da manhã! Tô caindo de sono...(Lucas vira-se para o outro lado ostensivamente lendo o jornal.) Segurança! Era muito mais normal você estar aqui com uma operária, do que aí, no meio da rua de madrugada, lendo jornal no escuro...]

UNIDADE 2 - EXECUÇÃO DO PLANO [ (Chegam Diogo e Regina, que param afastados. Ninon dá adeusinho para eles, que fingem não ver; Entra Marcos, que faz um sinal para o grupo. Todos avançam para a sacola de Ninon, que se assusta, mas distribui os sprays e junta-se aos outros pixando as paredes.]

UNIDADE 3 - DESCOBERTA/FALHA DO PLANO [Aparece a cabeça de um vigia, com quepe de guarda, Lucas tosse alto, todos param e se afastam.)

Vigia(Entrando) – Ei, que é isso aí?(Pausa.) Ah, estão pixando as paredes.(O vigia puxa um revólvel: Lucas faz o mesmo.)

Lucas(Para o grupo, sem se voltar) – Dispersar! Dispersar!

O grupo sai. O vigia e Lucas apontam-se os revólveres sem atirar: Lucas dá um passo para trás. O vigia faz o mesmo. Vão recuando até o vigia estar de novo só com a cabeça para fora. Lucas sai andando de frente para o vigia. Vendo-se só, o vigia reaparece gritando

Vigia – Medrou, hein? Medrou! Cagões do caralho...]

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