A Lira dos Vintes Anos (Paulo César Coutinho)

Conforme orientação dada no encontro do dia 22/04/12 (Experimento I) e 05/05/12 (Esperimento II), segue a relação de alunos e as respectivas cenas que deverão ser divididas em Unidades de Cena, lembrando que todas as unidades deverão ser nomeadas com palavras, expressões ou frases que sintetizem o tema tratado em cada unidade. (Ver item 1.1. do Modelo de Análise de Texto Dramático). Ao finalizar a atividade proposta, postar a(s) cena(s) com a divisão e os nomes das unidades no fórum ao final da página. Não esqueçam também de postar a sinopse do texto no mesmo fórum. Segue modelo de uma possível divisão de unidades de cena:

 

 

Cena 1 7

“Morfina”

 

Unidade 1 – “A MORTE DE DIOGO” [Praça. Lucas e Regina no banco se olham e se acariciam.

 

Regina – Eu escapei do cerco com sua mãe, eles nem nos pararam. Depois eu soube da morte dele. Foi como se tivessem me arrancado as entranhas, achei que ia enlouquecer. Clara me consolou muito tempo, sem dizer nada.]  Unidade 2 – “MORFINA” [Aí ela começou a sentir dores. O médico foi lá e aplicou uma injeção de morfina.

 

Lucas – Morfina...

 

Regina – Quando eu fui embora ela tava dormindo. (Pausa.)Unidade 3 – “CLANDESTINIDADE” [O que é que você vai fazer agora?

 

Lucas – O que é preciso. Vou cair na clandestinidade, morar com companheiros que nem conheço, assaltar bancos...

 

Regina – Meu querido, como é que você vai resistir, sem a Clara, sem o Diogo?

 

Lucas – Tá tudo escuro por dentro, por fora... Eu tô me sentindo sozinho, muito sozinho...(Os dois se abraçam)] Unidade 4 – “A FUGA” [Você precisa ir embora logo. Bruno foi preso, a gente nunca sabe quanto sofrimento uma pessoa aguenta pra não falar. Você viaja hoje à noite para a Europa. Os companheiros estão te esperando com documentos prontos.]

 

Unidade 5 – “SONHO LUMINOSO” [Regina – Lucas, vem comigo...

 

Lucas – Não! Quero ficar!

 

                Regina – Você acha que valeu a pena? Transformar o mundo era um sonho tão luminoso, e veio tanta dor, tanta morte, tanta tristeza.Você acha que nós vamos conseguir?

 

Lucas – A gente tem que conseguir, eles não morreram em vão. A gente tá só começando. Um dia, um dia nós vamos vencer.]

 

Unidade 6 – “PROMESSA DE VIDA” [Regina – Lucas eu vou embora porque estou grávida. Eu quero ter esse bebê, você entende? Ele é a promessa que o Marcos fez pra mim.

 

Lucas – Ele vai nascer. Tem que nascer. Você tem que viver.(Beijam-se longamente na boca. Depois abraçam-se chorando baixinho.] Unidade 7 – “DESPEDIDA” [Lucas a empurra devagar)

 

Lucas – Vai, vai, vai...(Regina sai)]

 

Link para o texto completo: A Lira Dos Vinte Anos2.doc (156 kB)

 

 

RELAÇÃO DE ALUNOS E CENAS PARA DIVISÃO DAS UNIDADES:

 

ATO I

 

Cena 1 - "O Mar e a liberade"

ADRIELLE (Experimento I)

ANDREZZA (Experimento II)

 

Cena 2 - "Tou contigo e não abro"

ANDREW (Experimento I)

CAMILA (Experimento II)

 

Cena 3 - "Estou doida pra dar"

BELGA (Experimento I)

DAIANE (Experimento II)

 

Cena 4 - "Prece"

BRUNO (Experimento I)

ELDER (Experimento II)

 

Cena 5 - "Duelo de gigantes"

CAROL (Experimento I)

ELIANE (Experimento II)

 

Cena 6 - "A um passo da eternidade"

EDMAR (Experimento I)

GABRIEL (Experimento II)

 

Cena 7 - "A união faz a força"

Cena 8 - "Nós também somos o Brasil"

Cena 9 - "Sem você, meu amor, eu não sou ninguém!"

ELAINE (Experimento I)

 

Cena 10 - "Uma eletrizante aventura na praça pública"

GABRIELA (Experimento I)

 

Cena 11 - "Um por todos e todos por um"

Cena 12 - "Somos ou não somos todos seres humanos?"

GILKA (Experimento I)

 

Cena 13 - "Linha de frente"

ITA (Experimento I)

 

ATO II

 

Cena 1 - "Nós podemos mudar o mundo"

JOCASTA (Experimento I)

GUSTAVO (Experimento II)

 

Cena 2 - "Que merda!!!"

JONATHAN (Experimento I)

LEANDRO (Experimento II)

 

Cena 3 - "Numa primavera qualquer"

JOSIELE (Experimento I)

MAGNO (Experimento II)

 

Cena 4 - "Vamos ser felizes juntos"

KELLY (Experimento I)

ODAIR (Experimento II)

 

Cena 5 - "Esperança"

LUCAS GUSTAVO (Experimento I)

RAPHAEL (Experimento II)

 

Cena 6 - "Dois oprimidos esfomeados se encontram"

LUCAS APARECIDO (Experimento I)

SABINE (Experimento II)

 

Cena 7 - "E começa a derrota"

Cena 8 - "Cada um na sua"

MADÊ (Experimento I)

 

Cena 9 - "Treinamento"

MARIA (Experimento I)

 

Cena 10 - "Ação"

NATAN (Experimento I)

 

Cena 11 - "Vexame"

NELSON (Experimento I)

 

Cena 12 - "O racha"

PAULO (Experimento I)

 

Cena 13 - "Plenitude"

RAFAEL (Experimento I)

 

Cena 14 - "Momento eterno"

SUELLEN (Experimento I)

 

Cena 15 - "Mãe"

TATIANA (Experimento I)

 

Cena 16 - "Solidão"

Cena 17 - "Morfina"

THIAGO (Experimento I)

 

Cena 18 - "Os guerrilheiros eternos"

VIRIAN (Experimento I)

 

 

Postagem das Cenas com a divisão de Unidades

ESSE É O CERTO (rs)

Kelly B. | 29/04/2012

ATO II

Cena 4

“Vamos ser felizes juntos”

Unidade 1 - “Sadomasoquismo” [Marcos e Regina nus na cama. Marcos beija o colo de Regina, que segura sua cabeça e geme.

Marcos – Me bate... Anda, me bate...(Regina dá um tapa no rosto dele.) Mais... mais...(Regina o esbofeteia, Marcos deita sobre ela.) Assim, meu amor, mais... mais...(Regina o empurra e senta¬-se na cama com as mãos no rosto.) Que foi?

Regina – Chega! Chega! Tá ouvindo? Não agüento mais!(Marcos senta.) Acho isso horrível. Tenho vontade de te beijar, te alisar, te apertar e você me pede para te bater.

Marcos – Mas isso é uma forma de carinho.

Regina – Que carinho? Pancadas, palavrões? Isso é violência.

Marcos – E o que é que tem? Sexo é uma coisa selvagem. Tem que ter paixão, violência...]

Unidade 2 – “Violência não é amor” [Regina – Tem que ter é amor, e eu não sei se você me ama, senão não precisava disso...

Marcos – Eu te amo, Regina. Só quero é te dar as minhas fantasias. Por que você não pode vir junto comigo?

Regina – Porque isso me violenta.]

Unidade 3 – “Incompreensão” [Marcos – Você é uma moralista, só quer fazer papai-e-mamãe, essa coisa certinha sem graça.
Regina – Moralista é você. Sexo para você é uma coisa suja, por isso é que precisa apanhar pra gozar.

Marcos – Porra, eu quero é ser livre.] Unidade 4 – “Liberdade a todo tempo” [Será que até na cama tem que ter repressão?

Regina – Isso não tem nada a ver com liberdade. Eu quero amar, estar com você, e não ficar fazendo papel de polícia .

Marcos – Você não entende nada. Vai discutir ideologia até pra trepar?

Regina – Por que não? Se um tem que bater, e o outro apanhar, então as relações de classe estão até no sexo.]

Unidade 5 – “Regina se opõe a Marcos” [Marcos – Ah, não me enche, você está maluca. Não vem com essa história de bem e mal, certo e errado, eu quero é fazer o que gosto.

Regina – O que “você” gosta, as “suas” fantasias, os “seus” desejos, as “suas” vontades... Você só pensa em você, “eu” não importa. “Você” gosta! “Eu” não gosto! “Eu” não gosto!]

Unidade 6 - “Indiferença” [Marcos –Então a gente tá mal! Agora você me disse tudo, só não precisa me dar lição de moral, diga isso, que não gosta.(Regina levanta-se e veste-se.)

Regina – Porra, cara, você é um gênio. É um novo Messias, o novo Lênin, vai salvar o mundo, mas não é capaz de olhar pra quem tá do teu lado.

Marcos – Eu larguei tudo por sua causa, levo uma vida fudida, e você tem coragem de dizer que não te vejo...

Regina – Só faltava essa, vir me jogar isso na cara. Devo ficar muito agradecida de viver contigo? E eu, não larguei tudo por sua causa?(Saindo.) Se é uma vida fudida, pode voltar pra casa, que não tem ninguém te prendendo...(Pausa.) Quanta culpa, quanta culpa botaram na tua cabeça...(Sai.)]

Unidade 7 - “Ideologia” [Marcos(Gritando) – Eu só quero ser feliz!(Baixo.) Feliz!(Deita-se encolhido como um bebê.)]

Ato 1Cena 4 “Vamos ser felizes juntos”

Kelly | 29/04/2012


Cena 4
“Vamos ser felizes juntos”

Marcos e Regina nus na cama. Marcos beija o colo de Regina, que segura sua cabeça e geme.

Marcos – Me bate... Anda, me bate...(Regina dá um tapa no rosto dele.) Mais... mais...(Regina o esbofeteia, Marcos deita sobre ela.) Assim, meu amor, mais... mais...(Regina o empurra e senta¬-se na cama com as mãos no rosto.) Que foi?

Regina – Chega! Chega! Tá ouvindo? Não agüento mais!(Marcos senta.) Acho isso horrível. Tenho vontade de te beijar, te alisar, te apertar e você me pede para te bater.

Marcos – Mas isso é uma forma de carinho.

Regina – Que carinho? Pancadas, palavrões? Isso é violência.

Marcos – E o que é que tem? Sexo é uma coisa selvagem. Tem que ter paixão, violência...

Regina – Tem que ter é amor, e eu não sei se você me ama, senão não precisava disso...

Marcos – Eu te amo, Regina. Só quero é te dar as minhas fantasias. Por que você não pode vir junto comigo?

Regina – Porque isso me violenta.

Marcos – Você é uma moralista, só quer fazer papai-e-mamãe, essa coisa certinha sem graça.
Regina – Moralista é você. Sexo para você é uma coisa suja, por isso é que precisa apanhar pra gozar.

Marcos – Porra, eu quero é ser livre. Será que até na cama tem que ter repressão?

Regina – Isso não tem nada a ver com liberdade. Eu quero amar, estar com você, e não ficar fazendo papel de polícia .

Marcos – Você não entende nada. Vai discutir ideologia até pra trepar?

Regina – Por que não? Se um tem que bater, e o outro apanhar, então as relações de classe estão até no sexo.

Marcos – Ah, não me enche, você está maluca. Não vem com essa história de bem e mal, certo e errado, eu quero é fazer o que gosto.

Regina – O que “você” gosta, as “suas” fantasias, os “seus” desejos, as “suas” vontades... Você só pensa em você, “eu” não importa. “Você” gosta! “Eu” não gosto! “Eu” não gosto!

Marcos – Então a gente tá mal! Agora você me disse tudo, só não precisa me dar lição de moral, diga isso, que não gosta.(Regina levanta-se e veste-se.)

Regina – Porra, cara, você é um gênio. É um novo Messias, o novo Lênin, vai salvar o mundo, mas não é capaz de olhar pra quem tá do teu lado.

Marcos – Eu larguei tudo por sua causa, levo uma vida fudida, e você tem coragem de dizer que não te vejo...

Regina – Só faltava essa, vir me jogar isso na cara. Devo ficar muito agradecida de viver contigo? E eu, não larguei tudo por sua causa?(Saindo.) Se é uma vida fudida, pode voltar pra casa, que não tem ninguém te prendendo...(Pausa.) Quanta culpa, quanta culpa botaram na tua cabeça...(Sai.)

Marcos(Gritando) – Eu só quero ser feliz!(Baixo.) Feliz!(Deita-se encolhido como um bebê.)

Divisão em Unidades = I Ato, Cena 4

Bruno Rodrigo | 29/04/2012

1º ATO
Cena 4: “Prece”

Clara tocando piano. Lucas entra e espera que ela termine.

Lucas – [Unidade 1 – Uma Celebração Planejada] Mãe.

Clara(Volta-se sorridente) – Você estava aí?

Lucas – Passei no vestibular.

Clara – Ô Lucas! Que maravilha! (Levanta-se e o abraça.) Vamos celebrar.(Tira de um balde uma garrafa de champanhe, que entrega a Lucas para abrir)

Lucas – Como é que você sabia?

Clara – Li no jornal que saía hoje o resultado, tinha certeza de que você ia passar. Deixei o champanhe no gelo.(Lucas estoura o champanhe. Clara sorri, estende as taças que ele serve.) A você e à História!

Lucas – A nós e à História!(Brindam e bebem.)

Clara – [Unidade 2 – Nascido pra Revolucionar] Seu pai vai dizer que é uma loucura.(Ri.) “Nós não criamos esse menino para ser um professorzinho. Ele vai morrer de fome. O mercado de trabalho está cada vez pior. Ele não tem orgulho, não tem ambição?” Não, felizmente não tem ambição nenhuma por dinheiro, status, todas essas coisas mesquinhas. Meu filho é um idealista. Eu disse isso a ele - quer estudar História e fazer a Revolução.(Pausa.) Vem sentar junto de mim.(Sentam-se.)

Lucas – [Unidade 3 - Uma simples, sofrida e sonhadora Pianista] música é essa que você toca sempre?

Clara – “Prece”, um tema antigo, esquecido. Foi composto por meu professor de piano Alberto Nepomuceno; uma figura linda com sua cabeleira branca. Dizia que um concerto vale por dez aulas.(Pausa.) Hoje eu quero te falar de mim te contar muitas coisas...

Lucas – [Uma simples, sofrida e sonhadora Pianista] Eu sempre quis saber, essa música...

Clara(Após um silêncio) – Tudo era muito quieto. Quando eu era menina não tinha com quem falar, não podia sair, vivia presa. Mesmo no verão a gente só mudava de prisão, subindo a serra. Meu pai me fazia estudar horas a fio no piano. Colocava copos entre meus dedos para ficarem mais largos, batia neles com uma vara se eu errava. Podia ter ficado louca, mas a música me tomava, era uma paixão.(Sorri.) Se ele soubesse, teria proibido, só aceitava regras, deveres, nunca a alegria.

Lucas – Que horror! Mas você tocava piano, falava línguas, por que não fugiu de casa, foi trabalhar, ser concertista, sei lá. ..

Clara – Eu tinha medo.(Pausa.) Ele me forçava a tomar banhos gelados de madrugada, dizia que era bom pra saúde. Ficava fora, ouvindo, e se eu me encostava na parede, fugindo da água, levava uma surra quando saía. Tinha mais medo de apanhar do que do frio. Minha vida foi sempre assim, escolhendo aquilo de que tinha menos medo.

Lucas – Mas você não conhecia ninguém que pudesse te ajudar?

Clara – Meu professor me ajudava, nós tocávamos juntos. Eu tinha uma amiga. Quando saímos do colégio de freiras eu pedi a meu pai pra ir estudar com ela na Suíça. Ele me respondeu com um tapa no rosto.(Pausa.) Mas eu fiz muita coisa em fantasia. Fui pianista de cinema mudo, bailarina, atriz, porta-estandarte. Não fui pra Suíça, mas viajava pelo mundo todo no piano.

Lucas – [Unidade 4 - Do Piano, para a Realidade] Falando assim, parece que você nunca saiu desse piano, mas você casou, teve filhos...

Clara – Ah, sim, eu larguei o piano por um tempo, quando conheci seu pai. Ele era muito pobre, sabia? Só tinha um terno; morava numa pensão e trabalhava como vendedor. Nós namorávamos escondidos, e passeávamos de bonde, porque ele não tinha dinheiro nem pro cinema. Quando descobriram já era tarde, estava apaixonada. Apesar de toda proibição, fugi de casa, e casei com ele.

Lucas – Até que enfim! Deve ter sido ótimo quebrar a redoma. E aí, como é que foi?

Clara – No começo foi bom! Depois vieram os filhos, fomos perdoados e tivemos tudo de volta, casa, conforto, presentes. Mas ele passava o tempo todo trabalhando, querendo mais e mais. Ah, como eu tinha vontade de ir a teatros, concertos, viajar... Mas ele detestava tudo isso. Nas férias íamos àquelas monótonas estações de água.(Pausa) Os gritos dele eram iguais aos do meu pai. Mesmo assim eu fiquei, mais uma vez tive medo.

Lucas – Eu não entendo... Por quê?(Pausa.) Como é que você sobreviveu dessa forma?

Clara – Arranjava coisas pra passar o tempo... Costurava para os pobres, lia para os cegos, tinha o piano.(Pausa.) Depois veio você, meu último presente, seus irmãos já crescidos.(Silêncio. Clara estende sua taça.) Por favor...(Lucas serve.)

Lucas – Clara, Clara, isso é terrível. A gente não pode deixar a vida passar assim. Você fala como se tudo tivesse acabado, mas você tá viva, ainda há tempo, você tem que lutar, ser livre...

Clara – Não, eu não tenho coragem. Mas quando você resistiu à pressão de seu pai, era como se fosse eu. Por isso eu quis te contar, quero que você seja feliz, que você faça tudo o que quiser. Hoje de manhã eu fui à missa comungar, e me senti em estado de graça, numa alegria intensa...

Lucas (Sorrindo) – [Unidade 5 – Fé num novo mundo, Fé na Revolução] Mesmo sem histórias a gente pode se sentir assim, comungando com o mundo, com os outros...

Clara – Ao ateísmo você nunca vai me converter. Minha religião se parece muito com o que você quer. Nós amamos a Deus através do homem, vocês amam o homem por ele mesmo. Deus está do nosso lado. Seu pai, a família toda, têm medo da Revolução. Eu não. Tenho esperanças nesse mundo que vocês vão construir, mesmo que nele não haja lugar para mim...(Clara vai até a janela e olha para fora.) Eu adoro a chuva...

Lucas – Clara... Eu gosto muito de você.

Clara – Eu também gosto muito de você.(Pausa.) Bom, agora chega de confidências. Adivinha o presente que eu comprei pra você.(Lucas faz um gesto de dúvida.) As obras completas de Marx e Engels.

Lucas – As obras completas? Não é possível!

Clara – Vem ver...(Saem abraçados, conversando.)

Divisão da cena em Unidades

Joe | 28/04/2012

2° ATO
Cena 2
“Que merda!!!”

Diogo entra contente. Lucas está cabisbaixo.

Diogo – [Unidade 1 – Viva La Revolución] Você já soube? Milhares de operários em greve ocuparam as fábricas em São Paulo. A classe operária começa a se mexer. O Ministro disse que o Tietê não é o Sena; São Paulo não é Paris.(Silêncio.) O que houve, meu nego?

Lucas – [Unidade 2 – Ilha de sentimentos] Minha mãe, Diogo. Ela vai morrer...

Diogo – Não poder ser. Por quê?

Lucas – Ela tá com câncer. A biópsia foi positiva; o médico deu alguns meses de vida.

Diogo – Ela sabe?

Lucas – Não. Não querem contar. Acham que ela vai sofrer mais se souber.

Diogo – O que é que você acha?

Lucas – Não sei, acho que uma pessoa tem o direito de saber que está condenada. Mas ela é tão fraca, tão sem estrutura. Já tive vontade de correr pra ela, contar tudo, dizer que faça o que quiser de seus últimos dias... Mas não há nem mais tempo para viajar. Em breve ela vai perder as forças...

Diogo – É preciso que ela não sofra.

Lucas – [Unidade 3 – Máscara] A vida pra ela sempre foi um teatro onde representou papéis que odiava. Não consigo aceitar que tudo termine como outra farsa, na qual nós todos vamos tomar parte mentindo... Em que talvez ela minta para si mesma. Depois que soube, me tranquei no quarto e chorei a tarde toda... Não quero que ela vá, entende? Ela é muito importante para mim, tinha que ficar comigo, não pode acabar assim, não é justo...

Diogo – [Unidade 4 – Metamorfose] Lucas! Lucas! A gente tem que enfrentar isso. Eu tô com você. Nós vamos estar junto dela.

Lucas – Eu quero contar a ela sobre a gente. Eu tenho que dizer...

Diogo – Você acha que ela vai compreender?

Lucas – É preciso que ela me conheça, que saiba quem eu amo, antes que não seja possível dizer mais nada.

O mar e a Liberdade

Adrielle Moretti | 26/04/2012

1o ATO

Cena 1
“O Mar e a liberdade”

Em frente a casa de Lucas.
<b>Unidade 1- A lua. O estudo</b>. O vestibular. [Diogo(Gritando) – Lucas! Lucas!

Lucas(Aparece num ponto mais alto) – Oi, você não vai estudar?

Diogo – Hoje não dá, tá uma lua incrível, desce aqui.

Lucas – Amanhã tem prova no cursinho.

Diogo – Esquece um pouco esse vestibular, quero falar com você.

Lucas – Peraí.(Desce)]

<b>Unidade 2- Ideais de gênios e poetas.</b> [Diogo – Acabei de ler Maiakovski. Os burocratas só podiam mesmo odiar um poeta daqueles, eles mataram o cara. (Pausa.) Eu entendi tudo...

Lucas – Tudo o quê?

Diogo – Tudo... Vamos até a praia...(Saem correndo, brincando um com o outro, chegam à praia) Que lua incrível!! Essa é a luz que eu quero pro meu filme. Você ama Godard? Eu amo, é um gênio, revolucionou o cinema. Você viu “Pierrot, le Fou?”(Canta.) Auclair de la lune, mon ami, Pierrot, prête moi la plume, pour écrire un mot.(Diogo deita no chão. Lucas senta-se ao lado dele.)]

<b>Unidade 3- As palavras levadas pelo mar.</b> [Lucas – Diogo, posso te falar uma coisa?

Diogo – Claro! Fala!

Lucas – Não! Deixa...

Diogo – Ah! Fala, eu quero saber. O que é?

Lucas – Você não acha que o mar tem a ver com a liberdade?

Diogo – Não era isso que você ia me dizer...(Pausa.) Você já resolveu o que vai fazer da vida?]

<b>Unidade 4- A revolução na história do não viver.</b> [Lucas – Sei lá, andar por aí, conhecer gente, fazer a revolução...

Diogo – Você não tem medo de morrer?

Lucas – Não... Tenho medo de não viver.

Diogo – Por que você resolveu estudar história?

Lucas – Pra entender as coisas. Você também, não é?

Diogo – É! Mas às vezes eu não sei se é por aí. A história deles é o contrário da vida.

Lucas – Mas pra gente é uma arma. Outro dia perguntaram na prova em que ano caiu o Império Romano no ocidente. Avaliando que nós, os bárbaros, já estamos às portas da universidade, respondi que o império vai cair agora, em 68.

Diogo – Avaliando que quem corrige as provas é a civilização decadente, você vai é levar pau no vestibular.]<b> Unidade 5- Olhares.</b> [Cara, você voa durante as aulas, não sei como é que se dá bem. Quando entrei pro curso, te achei muito estranho.

Lucas – Eu também te achei diferente, tão sério com dezessete anos, meio o menino precoce. Às vezes o professor tava lá falando e eu ficava te olhando...

Diogo – É, eu notava que você me olhava. Por que hein?

Lucas – Eu gosto de olhar as pessoas... Mas você também me olhava. Por quê?

Diogo – Também gosto de olhar as pessoas.(Silêncio.)]

<b>Unidade 6- Imaginação da beleza do encontro.</b>[Lucas – Não era só isso... É que era bonito imaginar Aknaton, Alexandre ou Robespierre com a sua cara.

Diogo – Não gosto de ter a minha cara. Já tive até vontade de me deformar pra ter certeza de que as pessoas procuravam por mim, não pelo meu rosto.

Lucas – E você não consegue perceber quando alguém te vê pelo que você é?

Diogo – Em geral é difícil, tenho o pé atrás. Mas às vezes a gente sente. Acho que a beleza não tá só numa pessoa, é algo que surge de um encontro. A beleza é tão outra coisa...]<b>Unidade 7- O medo e a Coragem</b>[É o que eu sinto com você e isso me dá medo.

Lucas – Por que medo?

Diogo – Porque é novo, não sei definir, não sei aonde vai me levar e de todo o jeito eu quero ir.

Lucas – Eu também tinha medo... De que você não sentisse assim, não tivesse coragem.

Diogo – Uma vez, quando eu era garoto, meu pai me pegou abraçado com outro menino. Botou ele pra fora de casa, e me deu uma surra. Nem sabia por que tinha apanhado, e nós nunca mais falamos nisso. Tive namoradas e gostava delas]<b>Unidade 8- O Amor e seus riscos</b>[, mas nunca deixei de achar que o amor acontece com qualquer pessoa, assim...

Lucas – É, o amor acontece assim...

Diogo – Eu agora quero correr todos os riscos por você.

Lucas – Me dá um beijo?(Diogo beija Lucas na boca.)]

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